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    CPI: Helcio Bruno diz que não viu solicitação de vantagem indevida na Saúde

    Helcio teria atuado como intermediário em acordos de vacinas, e ficou em silêncio quando questionado sobre Davati e o Ministério da Saúde

    Bia Gurgel, Camila Neumam, Giovanna Galvani e Rafaela Lara, da CNN, em Brasília e em São Paulo

    O presidente da ONG Instituto Força Brasil, tenente-coronel da reserva Helcio
    O presidente da ONG Instituto Força Brasil, tenente-coronel da reserva Helcio Bruno de Almeida
    Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

    A CPI da Pandemia ouviu nesta terça-feira (10) o presidente do Instituto Força Brasil, o coronel da reserva Helcio Bruno.

    Convocado por ser um possível intermediador entre revendedoras de vacina e o Ministério da Saúde, o coronel recusou-se a responder a maioria das perguntas envolvendo a Davati Medical Supply e a Saúde, mas negou ter presenciado qualquer pedido de “vantagem indevida” nas negociações ocorridas.

    Em suas declarações iniciais, Helcio Bruno afirmou que esteve em uma reunião com a Davati no Ministério da Saúde, na qual participaram cerca de dez pessoas, e que o intuito inicial era intermediar, por meio de seu Instituto, a negociação de vacinas contra a Covid-19 com o setor privado. 

    Segundo ele, em 9 de março, quando uma reunião de seu Instituto já estava agendada com a pasta para o dia 12 de março, o “reverendo Amilton [Gomes de Paula] apareceu no IFB [Instituto Força Brasil] e informou que a empresa Davati Medical Supply poderia disponibilizar doses de vacinas contra a Covid-19″.

    A reunião ocorreu, de fato, no dia 12 de março. Helcio Bruno entregou à CPI a ata da reunião, o que confirmou a presença de representantes da Davati, o revendedor Amilton Gomes de Paula e diversos membros da secretaria-executiva do Ministério da Saúde, incluindo o coronel Elcio Franco, então secretário-executivo. 

    Apesar disso, Helcio negou que tenha presenciado qualquer pedido de propina envolvendo as doses da vacina da AstraZeneca oferecidas pela intermediadora. O pedido de propina de US$ 1 por dose teria ocorrido em 25 de fevereiro durante jantar em Brasília

    O requerimento para ouvir o militar foi apresentado pelo vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que indicou que, em depoimentos à comissão, representantes da Davati Medical Supply no Brasil relataram que o presidente do Instituto Força Brasil intermediou um encontro entre a empresa e Elcio Franco.

    O militar compareceu ao Senado amparado por um habeas corpus concedido pela ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), que garantiu a ele o direito de ficar em silêncio e não produzir provas contra si mesmo. Helcio Bruno usou desta prerrogativa para não responder questões envolvendo a Davati e o Ministério da Saúde.

    Para além do caso das negociações de vacina, o coronel também foi questionado sobre os sites apoiados pelo Instituto Força Brasil, bem como sobre publicações com informações falsas divulgadas tanto nas páginas relacionadas ao Instituto quanto no perfil pessoal do depoente.

    Entre as notícias, havia textos apontando que “a maioria das pessoas é imune ao virus da Covid” e acusações contra o Supremo (“STF, principal pilar da corrupção. Se eles caírem, o resto cai tudo”). Apesar do depoente ter evitado comentar sobre as publicações – a segunda foi partilhada em uma página pessoal de Helcio Bruno –, os senadores comentaram sobre a responsabilização de organizações do gênero, que promoveram desinformação na pandemia.

    Durante o depoimento, o site do Instituto chegou a ficar fora do ar por alguns instantes, bem como algumas publicações. Helcio Bruno afirmou que a empresa sustenta-se com recursos oriundos dos sócios. 

    Este foi o último depoimento relacionado à empresa Davati Medical Supply, segundo declarado pelo presidente da Comissão, Omar Aziz (PSD-AM), à CNN. A Davati é alvo de investigação da CPI por estar supostamente envolvida em um esquema de compra e venda de vacinas da AstraZeneca superfaturadas. O contrato bilionário com o Ministério da Saúde previa a compra de 400 milhões de doses de vacina.

    Comboio militar gerou discussão entre senadores

    O desfile de veículos militares em frente ao Palácio do Planalto e próximo ao Congresso Nacional na manhã desta terça-feira (10) provocou reações acaloradas entre os senadores presentes na CPI da Pandemia.

    A discussão alongou-se por mais de uma hora e dividiu senadores governistas. Já na abertura da sessão de hoje, Omar Aziz classificou a exibição militar como um “ataque à democracia”, que “não pode passar impune”.

    Para Aziz, a passagem do comboio militar foi um “ataque frontal à democracia” e “não pode passar impune”. “Bolsonaro imagina com isso estar mostrando força, mas na verdade está evidenciando toda a fraqueza de um presidente acuado pelas investigações de corrupção, inclusive desta CPI, e pela incompetência administrativa que provoca mortes, fome e desemprego em meio a um pandemia ainda sem controle”, disse Omar.

    Líder do governo no Senado, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) afirmou que continuará “defendendo o governo federal, embora respeite os que divergem e criticam”. “Nós vamos superar os momentos de maior tensão apostando e reforçando nosso compromisso com o estado democrático de direito”, disse na CPI.

    O evento, segundo a Marinha, foi planejado antes da agenda para a votação da PEC do voto impresso no plenário da Câmara dos Deputados, “não possuindo relação com a mesma, ou qualquer outro ato em curso nos Poderes da República”.

    Veja o resumo desta sessão da CPI da Pandemia:

    • Depoente silencia sobre apoio do IFB a fake news

     Helcio Bruno de Almeida
    O advogado Sânzio Nogueira e o presidente da ONG Instituto Força Brasil, tenente-coronel da reserva Helcio Bruno de Almeida
    Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

    O senador Humberto Costa (PT-PE) questionou se o IFB projetou a criação do aplicativo TrateCov, suspeito de ter sido criado para divulgar o tratamento precoce contra a Covid-19, sem comprovação científica.

    Bruno respondeu que o instituto fez um aplicativo com base na teleconsulta para pessoas infectadas pudessem receber relatório ou prescrição médica sem precisar ir à uma unidade de saúde.

    “O foco do IFB é buscar soluções para os indivíduos, para as pessoas. Nós entendemos que, no período da pandemia, uma grande possibilidade de infecção das pessoas era justamente no momento em que elas apresentavam os primeiros sintomas e se dirigiam ao posto de saúde ou hospital. A nossa ideia era construir um ou dois aplicativos que pudesse oferecer a possibilidade do usuário ter acesso à uma teleconsulta”, afirmou.

    Já Simone Tebet (MDB-MS) questionou-o sobre montagens publicadas no site do Instituto Força Brasil que ironizavam senadores da CPI. “Quando o senhor coloca membros dessa comissão e ministros do STF em suas páginas vestidos de palhaço, o senhor comete crime de injúria”, mencionou. 

    Entre as notícias, havia textos apontando que “a maioria das pessoas é imune ao virus da Covid” e acusações contra o Supremo (“STF, principal pilar da corrupção. Se eles caírem, o resto cai tudo”). Apesar do depoente ter evitado comentar sobre as publicações – a segunda foi partilhada em uma página pessoal de Helcio Bruno –, os senadores comentaram sobre a responsabilização de organizações do gênero, que promoveram desinformação na pandemia.

    • Helcio Bruno diz que não se vacinou contra a Covid

    O senador Humberto Costa (PT-PE) questionou se Bruno foi imunizado contra a Covid-19, o que ele negou. “Eu fui infectado pelo vírus da Covid e estou aguardando o período para vacinar”. Questionado novamente se pretende ser imunizado, o depoente respondeu que “provavelmente”.

    Costa afirmou que muitas postagens do IFB são negacionistas e pediu para que a Comissão mostrasse as imagens aos demais senadores. Uma delas era sobre o Supremo Tribunal Federal, outra com uma montagem do presidente da CPI da Covid maquiado como palhaço. 

    Bruno respondeu sobre a questão dizendo postagens contrárias ao STF do IFB não significam posição do instituto. “Eu queria fazer uma consideração. A questão de postagem não necessariamente está relacionada com a opinião do IFB, é um espaço crítico que abrimos dentro do espaço da liberdade de opinião, e não somos negacionistas. Entendemos, compreendemos a situação e procuramos o melhor caminho e a melhor solução pra sociedade”.

    • Tenente-coronel diz que conhece Jair Bolsonaro da época de academia militar 

    tenente-coronel da reserva Helcio Bruno de Almeida.
    Em pronunciamento, à mesa, presidente da ONG Instituto Força Brasil, tenente-coronel da reserva Helcio Bruno de Almeida.
    Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

    O depoente Helcio Bruno afirmou durante seu depoimento que conhece o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo ele, o contato com Bolsonaro se deu na época da academia militar – depois disso, ele voltou a se encontrar com o presidente após sua posse. 

    “Ele [Bolsonaro] é meu contemporâneo na academia militar. Ele era atleta e eu também, não tínhamos nenhum contato naquela época, e em 2016, quando ele manifestou que estaria concorrendo ao cargo de presidente eu aproveitei e fiz uma visita e declarei que poderíamos ajuda-lo e eu criei um grupo pra colaborar com ele, o JB 18”, disse. 

    A turma da academia militar de 1976, segundo Helcio Bruno, se organizou após a posse de Bolsonaro para uma visita e ele foi incluído no encontro – esta foi a última vez que Helcio diz ter se encontrado com Bolsonaro. “Quando o presidente foi empossado um grupo da turma de 76, foi fazer uma visita de cortesia e eu pedi pra ser incluído pra acompanhar. Foi a última vez que estive com ele, mas não é da minha relação próxima”.

    • Helcio Bruno esteve em almoço com Dominghetti na casa do reverendo Amilton 

    Tenente-coronel da reserva Helcio Bruno
    Tenente-coronel da reserva Helcio Bruno presta depoimento à CPI da Pandemia
    Foto: Antonio Molina/ FotoArena / Estadão Conteúdo

    Durante a oitiva, Helcio Bruno revelou que esteve em um almoço com o revendedor de vacinas e cabo da Polícia Militar (PM), Luiz Paulo Dominghetti, na casa do reverendo Amilton Gomes de Paula no dia 12 de março – mesma data da reunião compartilhada no Ministério da Saúde. 

    “Foi um almoço na residência do representante da Senah. Quando terminou a reunião na secretaria-executiva, estávamos em lockdown, tudo fechado (…) E o Amilton nos convidou pra almoçar na casa dele. O reverendo nos convidou pra participar de um almoço, fomos ao almoço e acabou”, disse. 

    O coronel da reserva se recusou a responder qual é a sua relação com o reverendo Amilton e com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello – ele também manteve o silêncio diante de pergunta sobre contatos com Herman Cardenas, apontado como CEO da Davati. 

    Helcio Franco, no entanto, só revelou o encontro na residência do reverendo após o relator Renan Calheiros mostrar uma foto do tenente-coronel durante o almoço. Após a revelação, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) afirmaram que o Helcio mentiu à CPI. “Vossa Senhoria acabou de faltar com a verdade. Vossa senhoria disse que não tinha nenhuma intimidade”, disse. 

    • Helcio entrega ata de reunião com a Davati 

    Coronel da reserva Helcio Bruno
    À esquerda, o coronel da reserva Helcio Bruno
    Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

    Helcio Bruno recusou-se a responder alguns questionamentos feitos pelo relator da Comissão, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), referentes à atuação do Instituto Força Brasil e sua relação pessoal com servidores do Ministério da Saúde. Ele se amparou no habeas corpus concedido pelo Supremo, que autoriza o sil??ncio diante de perguntas que o incriminem. 

    Em seguida, entregou aos senadores uma ata com o nome de todos os participantes da reunião referida. Após ler os nomes, Omar Aziz disse que estavam presentes “a cúpula da secretaria-executiva todinha para receber a Davati”. 

    Ao responder sobre como conseguiu uma agenda para tratar da aquisição de vacinas por empresas do setor privado – o objetivo do Instituto junto à pasta, segundo ele –, Helcio Bruno afirmou que pediu uma agenda de maneira formal e que não conhecia Cristiano Carvalho ou Luiz Dominghetti quando foi ao Ministério.

    Segundo o depoente, a resposta do Ministério em relação à solicitação da reunião ocorreu em certa de três ou quatro dias. 

    • Helcio Bruno diz que reverendo Amilton pediu compartilhamento de agenda do IFB com Davati 

    Coronel da reserva Helcio Bruno
    Coronel da reserva Helcio Bruno
    Foto: Pedro França/Agência Senado

    O tenente-coronel da reserva Helcio Bruno iniciou seu depoimento por volta das 11h30 desta terça-feira (10). Em sua fala inicial, ele destacou que o Instituto Força Brasil solicitou uma agenda formal no Ministério da Saúde em 3 de março para tratar de vacinas “para o setor privado”. Segundo ele, o pedido de agenda foi feito de maneira formal. 

    Já em 9 de março, quando a reunião do 12 de março já estava agendada com a pasta, o “reverendo Amilton [Gomes de Paula] apareceu no IFB [Instituto Força Brasil] e informou que a empresa Davati Medical Supply poderia disponibilizar doses de vacinas contra a Covid-19. 

    Segundo o depoente, foi o reverendo Amilton quem aventou a possibilidade do IFB compartilhar a agenda com a Davati na reunião do dia 12 de março.

    “Embuído de boa fé, aceitou-se compartilhar agenda com a referida empresa e, nessa ocasião, conheci Cristiano Carvalho e Luiz Paulo Dominghetti. A reunião contou com participação de dez pessoas e durou cerca de 20 minutos”, disse. 

    Segundo Helcio, após a reunião de 12 de março, ele nunca mais esteve com Dominghetti ou Cristiano Carvalho. Sobre o encontro no restaurante em Brasília, onde teria ocorrido um suposto pedido de propina, Helcio afirmou que “jamais participei de reunião ou encontro com solicitação de vantagem indevida”. Ele também afirmou que não tem relação de amizade com o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco. 

    • Comboio militar é ataque frontal à democracia, diz Omar Aziz ao abrir sessão de hoje 

    O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), abriu a sessão que ouve o general Helcio Bruno com um pronunciamento sobre o desfile militar na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. A exibição militar aconteceu poucos minutos antes do início da sessão da CPI e no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados votará a PEC do voto impresso em plenário. 

    Para Aziz, a passagem do comboio militar “é ataque frontal à democracia” e “não pode passar impune”. “Bolsonaro imagina com isso estar mostrando força, mas na verdade está evidenciando toda a fraqueza de um presidente acuado pelas investigações de corrupção, inclusive desta CPI, e pela incompetência administrativa que provoca mortes, fome e desemprego em meio a uma pandemia ainda sem controle”, disse Omar.

    O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ministro da Defesa, general Braga Netto, e outras autoridades assistiram ao evento. Em nota emitida nesta terça-feira (9), a Marinha do Brasil confirmou a realização da Operação Formosa 2021 e afirmou que 14 viaturas ficarão em exposição durante essa terça-feira, em frente ao prédio da Marinha na Esplanada dos Ministérios.

    O evento, segundo a Marinha, foi planejado antes da agenda para a votação da PEC do voto impresso no plenário da Câmara dos Deputados, “não possuindo relação com a mesma, ou qualquer outro ato em curso nos Poderes da República”.

    Às 11h20, o depoimento de Helcio Bruno ainda não havia começado. A maioria dos senadores que compõem a CPI pediram a palavra para se manifestarem contrariamente ao desfile militar. O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), classificou o ato como “patético”. A senadora Simone Tebet (MDB-MS), da bancada feminina, afirmou que a exibição não se tratou de “mera coincidência”, como falado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

    “A régua do retrocesso é a mesma. Ontem foi imposto um sigilo de 100 anos em documentos que comprovam corrupção da compra da covaxin. Hoje tanques na esplanada no dia que a Câmara vai enterrar o voto impresso e o Senado vai aprovar a Lei do Estado Democrático de Direito. A resposta do Congresso não pode ser outra”, disse Tebet. 

    Já o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) afirmou que continuará “defendendo o governo federal embora respeite os que divergem e criticam”. “Nós vamos superar os momentos de maior tensão apostando e reforçando nosso compromisso com o estado democrático de direito”, disse.