CPI da Braskem: Substituto de Calheiros, Alessandro Vieira diz que investigação será “transparente e eficiente”
Senador sergipano assume vaga do MDB no colegiado deixada por Renan Calheiros, que desistiu da comissão após não ser escolhido como relator
Após assumir a vaga do MDB deixada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) na Comissão Parlamentar de Inquérito da Braskem, o Alessandro Vieira (MDB-SE), afirmou que sua atuação vai ser focada para garantir uma investigação “transparente”, que seja capaz de evitar a repetição do colapso de terra em Maceió.
“O objetivo sempre é garantir uma investigação transparente e eficiente, que garanta a justa reparação para os alagoanos e previna a repetição de fatos desta natureza”, afirmou o senador à CNN.
Vieira foi indicado pelo líder do MDB, senador Eduardo Braga (MDB-AM) nesta quinta-feira (29).
A vaga estava indefinida há mais de uma semana, desde o último dia 21, quando Calheiros afirmou que não seria mais membro da CPI depois de ser preterido para a relatoria. Tradicionalmente, o autor do pedido fica com a presidência, vice-presidência ou relatoria do colegiado. Por isso, a chateação de Calheiros.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) foi definido como relator e já apresentou o plano de trabalho para a investigação. No momento da indicação de Carvalho, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM) afirmou que tomou a decisão para investigação seja “totalmente isenta de pessoas ligadas a Alagoas”.
Autor do requerimento da comissão para investigar a responsabilidade da petroquímica Braskem en relação à mina com problemas de ruptura em Maceió, o Calheiros discutiu com colegas, disse que há tentativa de “domesticar” a comissão e anunciou a saída do colegiado que ele mesmo propôs.
Desde então, senadores que fazem parte do colegiado tentaram convencer o senador a permanecer como membro e ter participação ativa nas investigações. A iniciativa não teve sucesso.
A indicação de Carvalho para a relatoria não incomodou somente Calheiro. Senadores da base aliada também discordaram da decisão e preferiram ver o senador alagoano como relator.
Procurada, a Braskem disse que “vem cumprindo os compromissos assumidos com Maceió e seus moradores com diligência e transparência e está à disposição, como sempre esteve, para esclarecer sobre suas atividades”. “A empresa contribuiu e continuará contribuindo com as autoridades responsáveis, fornecendo as informações pedidas, no prazo solicitado”, completa a nota.
Convocações
A CPI da Braskem aprovou na quarta-feira (28) a convocação do diretor-presidente da Braskem, Roberto Bischoff, e de mais sete pessoas para prestarem esclarecimentos no colegiado.
Os outros convocados são:
- Abel Galindo Marques – professor aposentado da Universidade Federal de Alagoas;
- José Geraldo Marques – médico e biólogo, ex-chefe do Órgão Ambiental de Alagoas;
- Natallya de Almeida Levino – professora da Universidade Federal de Alagoas, para falar a respeito da extração irregular de sal-gema em Maceió;
- Thales Sampaio – ex-diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil (SGB);
- Mauro Henrique Moreira Sousa – diretor-geral da Agência Nacional de Mineração (ANM);
- Marcelo Arantes – diretor global de Pessoas, Comunicação, Marketing e Relações com a Imprensa da Braskem;
- Wolnei Wollf Barreiros – Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC).
Os primeiros depoimentos da CPI estão marcados para a próxima terça-feira (5), quando Abel Galindo Marques, José Geraldo Marques e Natallya de Almeida Levino serão ouvidos.
Na quarta (6), é a vez das oitivas de Thales Sampaio e Mauro Henrique Moreira Sousa.
A CPI já aprovou a visita dos integrantes aos locais afetados pela exploração do sal-gema em Maceió.
Segundo Carvalho, a visita deve ser realizada depois das primeiras oitivas com os técnicos, para embasar a avaliação dos senadores sobre os impactos da exploração.
O prazo de funcionamento da CPI é até o dia 22 de maio. O colegiado foi instalado em 13 de dezembro de 2023, na reta final dos trabalhos no Legislativo.