Comunidades e igrejas negras foram fundamentais para Biden, afirma pesquisador
Teólogo Ronilso Pacheco também destacou o trabalho da advogada e ex-deputada Stacey Abrams na Geórgia, estado que pode render 16 delegados aos democratas
Em entrevista à CNN, o teólogo e pesquisador da Universidade de Columbia, Ronilso Pacheco, destacou a importância da mobilização da comunidade negra dos Estados Unidos para o fortalecimento da candidatura do democrata Joe Biden.
Ele destacou o papel decisivo dos negros e negras para que Biden pudesse virar e ter um melhor desempenho, até mesmo, em alguns estados majoritariamente brancos.
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“A mobilização da comunidade negra, por movimentos de ativistas e artistas negros, foi fundamental. Foi tão determinante para a virada e para o desempenho do Joe Biden, quanto a própria estratégia do partido democrata”, afirma.
Com relação à Geórgia, Pacheco evidencia o trabalho da advogada e ex-deputada Stacey Abrams como responsável para que o estado escolhesse, pela primeira vez desde 1992, um candidato democrata. Para o pesquisador e teólogo, a atuação das igrejas negras também tiveram papel crucial no resultado pró-Biden. “Essa mobilização que vem do trabalho gradativo da Stacey Abrams, com a mobilização das igrejas negras, é tão determinante nessa virada, quanto todo o trabalho do Black Lives Matter (Vidas Negras Importam)”, analisa.
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Contudo, Pacheco diz que Biden teve muito menos votos da comunidade negra do que o candidato esperava. Ele associa estes números a uma possível desconfiança dos negros americanos em relação ao Partido Democrata. “Tem na memória da comunidade negra as oportunidades que o Partido Democrata teve para fazer uma mudança estrutural, que era esperada, sobretudo na questão da justiça, da justiça penal, do encarceramento em massa”.
A escolha de Kamala Harris como vice de Biden pode ser vista como uma tentativa de reconquista, uma vez que ela seria mais acessível. “A primeira missão: tirar Trump da Casa Branca. A segunda: a gente precisa rever como o Partido Democrata, embora tenha a Kamala Harris, vai efetivamente ouvir as reivindicações de décadas da comunidade negra”.
(Edição: André Rigue)