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    ‘Pode ser hoje, pode ser amanhã’, diz Mandetta sobre demissão

    Ministro da Saúde participa de live com líderes do setor de saúde

    O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta em entrevista coletiva
    O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta em entrevista coletiva Foto: Adriano Machado/Reuters (7.abr.2020)

    Em uma live com líderes do setor de saúde, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, falou sobre a sua saída da pasta: “Pode ser hoje, pode ser amanhã”. “Nós vamos ter todo cuidado, por que o nosso foco é o vírus. Nós vamos cuidar para amparar quem vai assumir o cargo”.

    O ministro já dá como certa a sua demissão. Comunicou a equipe que espera sair ainda nesta semana e já fala abertamente sobre uma possível transição, inclusive afirma que tem falado com eventuais sucessores. “Esse ministério estava consumindo da gente 18, 20 horas diárias. Há mais de 80 dias sem sábado, sem domingo, sem feriado. Preciso garantir que quem venha para cá, não sei quem é, que assuma o cargo para desenvolver seu raciocínio, porque a doença muda a todo momento”.

    Na live, Mandetta citou o deputado federal Osmar Terra — que discutiu a saída do ministro em conversa com o chefe da Cidadania, Onyx Lorenzoni. “Osmar Terra fala isso: nós temos que todo mundo pegar a doença, para todo mundo ficar imune. O problema é a velocidade que isso acontece. Porque quem pegar e sobreviver, conseguiu. Quem pegar CTI, pegou, quem não pegar, vai por terra. Não seria melhor reforçar a saúde pública para depois tomar essa medida?”

    Sobre a saída do ministério, no entanto, ele disse se tratar de uma decisão do presidente Jair Bolsonaro: “É ele quem nomeia”.

    O ministro também ressoou o discurso Bolsonaro, de que quem está no comando do combate à crise da COVID-19 é o presidente. “Parece que eu estou ministro por obra do Espírito Santo e parece que eu sou contra o presidente. Se existe essa equipe técnica aqui é porque ele permitiu. Mérito do presidente. Ele é um brasileiro muito bem intencionado e está pensando numa maneira de liberar a economia e passar pela epidemia”, disse. Mas fez um alerta: “Seria fantástico se ele [o presidente] conseguisse fazer a menina do Complexo do Alemão [no Rio] sair e não se contaminar”.

    “O que a gente está pedindo é: não algomere. Não, o pior não passou, calma. É uma luta muito longa, muito comprida. Não acaba em uma semana.”

    Mandetta não minimiza os efeitos da pandemia para a economia: “Me preocupa demais o impacto econômico. Me preocupa demais o desemprego”. “O vírus ataca a educação, cultura, turismo e saúde.”

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    Na coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (15), o ministro explicitou o “descompasso” entre o discurso do Ministério da Saúde, a favor da manutenção de medidas mais restritivas para o combate da COVID-19, e o de Bolsonaro, que já afirmou que “está começando a ir embora a questão do vírus” e que é preciso se preocupar com a economia. Mandetta e o presidente também discordam sobre o uso da hidroxicloroquina no tratamento da doença.

    Na live, Mandetta afirmou que a comunicação política “não dialoga” com a técnica. “Não tem compromisso com a ciência, só com o desdobramento político”, disse. “Nessa comunicação, você tem que ter uma lado. Se não tiver, você é destruído pelos líderes políticos.”

    Segundo o ministro, agora a pasta precisa de um outro olhar. “Acho que a gente contribui muito para a Saúde ao falar para o presidente: nomeie um novo ministro agora, já que o ministro que você nomeou lá atrás não está conseguindo traduzir para a comunidade a visão do governo.”

    Para Mandetta, o nível baixo de educação no Brasil prejudica a comunicação.

    (Com reportagem de Evandro Cini)