Comissão da Câmara aprova convite para Teich falar sobre pandemia
A Comissão Externa da Câmara dos Deputados que acompanha as ações de enfrentamento ao novo coronavírus aprovou nesta quarta-feira (22), por consenso, convite para que o ministro da Saúde, Nelson Teich, fale sobre as estratégias que sua gestão deve adotar para combater a pandemia de Covid-19. A previsão é que a audiência aconteça na próxima semana.
“Essa comissão precisa manter a interlocução com o Ministério da Saúde. A fala do ministro é de suma importância para que a sociedade tome conhecimento das ações que serão colocadas em prática para reduzir essa pandemia”, afirmou a deputada Carmen Zanotto (Cidadania), relatora da comissão.
O convite foi aprovado durante sessão que discutiu as opções terapêuticas que estão sendo pesquisadas pela comunidade científica para a Covid-19. O presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Luiz de Britto Ribeiro, foi um dos ouvidos pelos deputados.
Ribeiro voltou a afirmar que o CFM vai se posicionar sobre o uso da hidroxicloroquina no tratamento de doentes com coronavírus, mas evitou estimar uma data. “Em outra situação, colocaríamos essa droga só como experimental para o tratamento de Covid-19. Mas o mundo tem feito tentativas baseadas nessas observações de experiências pessoais e de grupos em hospitais que mostram algum benefício do uso da droga. Vamos nos posicionar sobre o uso dessa droga tentando equacionar essa questão.”
Segundo ele, na literatura séria, de grupos de ponta, de revistas de ponta, não existe nenhum trabalho de ensaios clínicos prospectivos e randomizados que nos dê qualquer segurança em relação à ação dessa droga no tratamento da Covid-19. “Mas temos uma situação estabelecida no Brasil. Há estudos observacionais de pessoas sérias. Grandes instituições no Brasil têm protocolo para essa droga. Há estudos de uso dessa droga, associada ou não à azitromicina, que são válidos na opinião do CFM.”
Isolamento social
O presidente do CFM afirmou ainda que, por enquanto, a única certeza que temos é sobre a importância das medidas prevenção, como o isolamento social. “Nos assustam um pouco o posicionamento de algumas autoridades em relação às medidas de prevenção, porque é aparentemente o que faz a diferença nesse caso.”
Ribeiro disse também que o Conselho vê com muita cautela os números oficiais da Covid-19 no Brasil. “Há clara subnotificação de pacientes infectados e de morte, embora achemos que a subnotificação de casos seja maior que a de mortos. Não acreditamos que a letalidade seja de 5%. Se testarmos mais pessoas, essa letalidade deve cair.”