Ciro Nogueira: ‘Demissão de Mandetta interrompeu gestão muito errada’
Senador, que faz parte da CPI da Pandemia, diz que ex-ministro da Saúde 'era bom só de conversa', mas foi pouco efetivo para entregar equipamentos aos estados
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), integrante da CPI da Pandemia, afirmou nesta terça-feira (4) que a demissão do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta interrompeu uma ‘gestão muito errada’ no início da crise sanitária no país.
“Não tenho dúvida, [a demissão] interrompeu uma gestão que estava muito errada. Tiro como exemplo meu estado. Naquela época, você chegava no Mandetta – eu tive várias audiências com ele – e nada era feito para levar uma saúde de qualidade aos estados”, disse Nogueira, em entrevista à CNN.
“O Mandetta era bom só de conversa. Eu espero que ele explique porque preferiu ficar mais tempo na mídia do que gerindo a saúde pública do nosso país”, continuou.
O senador afirmou que o período de Mandetta à frente da pasta foi pouco efetivo no sentido de levar equipamentos e logística aos estados. “Mandetta é um dos melhores comunicadores que temos hoje no país. É um homem que preferiu, em vez de gerenciar o Ministério da Saúde, passar o tempo inteiro naquela bancada dando entrevista.”
O senador disse ainda considerar estranho o fato de que Mandetta e o também ex-ministro da Saúde Nelson Teich dividirão esse primeiro dia de oitivas enquanto Eduardo Pazuello – que foi quem comandou a pasta por mais tempo ao longo da pandemia – terá um dia dedicado apenas a ele.
“Se tiver que dar um conselho ao ministro Pazuello é que ele venha com a verdade, para esclarecer os fatos. Tem que ser tratado com muito respeito – só o fato de terem colocado só ele em um dia é uma coisa estranha, né”, afirmou.
“Os outros foram dois por dia e ele não, [o que] já demonstra que a CPI tem um foco de tentar desgastar o atual governo. Mas espero que os homens públicos envolvidos tenham consciência que a população acompanha com muita atenção esse momento.”
O senador também criticou o momento de realização da pandemia e afirmou que os políticos deveriam estar focados em “tratar a população” e ajudar na imunização dos brasileiros.
“Não sou contra a CPI, mas contra o momento em que ela está sendo instalada. Nenhum país está fazendo uma CPI no auge [de mortes e infecções]. A Itália, por exemplo, está fazendo agora, um ano depois de enfrentar seu pico”, disse Nogueira.
“Acho que a CPI nesse momento é um erro histórico. É como se fossemos decidir o vencedor no meio da guerra, quem é o mocinho da novela no meio da novela. Mas a grande maioria dos políticos tomou essa atitute de buscar a guerra política em vez de tratar da população.”