Caso Moraes: defesa de suspeitos de agressão pede perícia do próprio vídeo
Objetivo é verificar se o material entregue à polícia não foi editado
A defesa dos supostos agressores do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contratou uma perícia para comprovar que o vídeo feito pelos investigados no aeroporto de Roma não foi editado. O laudo deve sair nesta quinta-feira (27). As informações são de Raquel Landim, âncora da CNN.
A suspeita de que o vídeo teria sido editado foi levantada por fontes da Polícia Federal (PF). A gravação foi feita no final da confusão, por Alex Zanatta, genro do empresário Roberto Mantovani Filho.
No dia 19 de julho, os suspeitos entregaram às autoridades o vídeo que mostraria a confusão, e que agora será periciado.
Na gravação de poucos segundos, à qual teve acesso Raquel Landim, da CNN, Moraes diz que eles serão “todos identificados”. Zanatta, então, questiona se o magistrado os está ameaçando, e o ministro reage e afirma: “Bandido”.
Em depoimento à PF na terça-feira (25), Alexandre de Moraes disse ter sido xingado de “bandido”, “comprado” e “comunista” por Andreia Munarão e conta que seu filho levou um tapa de Roberto Mantovani.
O advogado Ralph Tórtima afirma que vem tendo o direito de defesa cerceado, porque, segundo ele, não teve acesso aos depoimentos.
Em nota, ele afirmou: “Essa família teve suas fotografias divulgadas, tiveram dados pessoais expostos e agora tomamos conhecimento de vazamentos pontuais dos depoimentos das supostas vítimas. É inconcebível que o advogado devidamente constituído não tenha acesso aos autos, ficando tolhido na sua atuação profissional”.
Entenda o caso
Alexandre de Moraes ministrou uma palestra no Fórum Internacional de Direito, na Universidade de Siena. No dia 14 de julho, estava acompanhado da família no aeroporto internacional de Roma, quando foi confrontado por brasileiros, segundo a PF.
Os insultos teriam começado por volta das 18h45, no horário local, ainda de acordo com a corporação.
Uma mulher hostilizou Moraes, chamando-o de “bandido, comunista e comprado”. Outro deu coro aos insultos e, logo depois, chegou a agredir fisicamente o filho do ministro, segundo a PF. Um terceiro homem juntou-se aos dois agressores, proferindo palavras ofensivas.
Os brasileiros identificados pela PF são: o casal Roberto Mantovani Filho e Andreia Munarão; o genro deles, Alex Zanatta Bignotto; e o filho, Giovanni Mantovani.
Após definir a situação como um “entrevero”, a defesa da família admitiu posteriormente a possibilidade de ter ocorrido a agressão contra o filho de Moraes e alegou que, após o ocorrido, o ministro teria dito a palavra “bandido” para um dos acusados.
No dia 22 de julho, a defesa informou ter pedido acesso às imagens do aeroporto de Roma, já solicitadas pelas autoridades brasileiras que investigam o caso.
A Polícia Federal em Roma conseguiu acesso às imagens, mas aguarda autorização das autoridades italianas para enviá-las ao Brasil. Conforme apurado pela CNN, é dito nos bastidores que as gravações tendem a corroborar a versão de Moraes.
*publicado por Tiago Tortella, da CNN