Caso Marielle: PF prende assessor de Domingos Brazão
Operação cumpre mandados de prisão nesta quinta-feira (9)
A Polícia Federal (PF) cumpre dois mandados judiciais na manhã desta quinta-feira (9) contra supostos envolvidos nos assassinatos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, no Rio de Janeiro.
Robson Calixto da Fonseca, conhecido como “Peixe”, que é assessor de Domingos Brazão, é um dos alvos de prisão, no Rio. Brazão, ex-deputado estadual e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, já está preso como mandante do crime desde março.
Outro mandado de prisão é contra o policial militar Ronald Paulo Alves Pereira, conhecido como Major Ronald. Ele é apontado pela PF como ex-chefe da milícia da Muzema, na Zona Oeste do Rio
“Peixe” foi preso pela Polícia Federal do Rio, enquanto Ronald já cumpre pena na Penitenciária Federal em Campo Grande (MS).
Fruto de delação
Em março, quando a PF e o Ministério Público do Rio prenderam os irmãos Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil do estado Rivaldo Barbosa, a Procuradoria-Geral da República destacou o elo com “Peixe”.
“Fruto da delação de Ronnie Lessa apontou Calixto da Fonseca. Ainda acerca das negociações para os homicídios, Lessa pontuou que o primeiro encontro com Domingos Inácio Brazão e Chiquinho Brazão se deu por intermediação de Robson Calixto Fonseca, vulgo Peixe, além de Macalé. A versão foi verificada pelo cruzamento de dados de ERB do terminal de Macalé com os locais apontados por Ronnie, como se vê dos dados condensados.”
A PGR ainda apontou que Robson Calixto foi assessor de Domingos Brazão na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e continuou a assessorá-lo no Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro.
Denúncia da PGR
Conforme noticiou o analista da CNN Teo Cury, a Procuradoria-Geral da República denunciou o deputado federal Chiquinho Brazão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
A denúncia foi apresentada ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) na terça-feira (7). Os três estão presos preventivamente por determinação do ministro desde 24 de março, cada um em uma penitenciária federal, em Brasília, Porto Velho e Campo Grande.
Outro lado
A defesa de Chiquinho Brazão esclarece que não teve acesso à denúncia nem aos termos das delações citadas no relatório da PF.
“Ainda não é possível fazer um juízo de valor sobre as acusações. Assim que o Relator do caso permitir que a defesa conheça todos os elementos produzidos pela investigação, faremos uma nota mais detalhada”, afirmou o advogado Cleber Lopes.
Em nota, a defesa de Rivaldo Barbosa disse receber com estranheza a notícia de que a denúncia foi apresentada pela PGR. Os advogados Marcelo Ferreira e Felipe Dalleprane afirmaram que estiveram no STF no dia seguinte à apresentação da denúncia e não havia, nos autos, informação sobre o protocolo da acusação feita pela PGR.
“É estranho o fato de nenhum dos investigados terem sido ouvidos antes da denúncia da PGR, em total afronta à decisão do Min Alexandre de Moraes, que havia determinado a oitiva dos investigados logo após a prisão”, afirmam os advogados.
“A narrativa de um réu confesso de homicídio (Ronnie Lessa) parece mais importante do que o depoimento de um delegado de polícia com mais de 20 anos de excelentes serviços à segurança pública do RJ, que sequer teve a chance de expor sua versão sobre os fatos antes de ser denunciado”, diz a nota da defesa.
Os advogados afirmaram ainda que irão se posicionar sobre o mérito da acusação assim que tiverem acesso ao conteúdo da denúncia.
A defesa de Domingos Brazão, formada pelos advogados Marcio Palma e Roberto Brzezinski, disse ter sido “informada, pela imprensa, sobre o oferecimento de denúncia relacionada ao homicídio de Marielle Franco e Anderson Gomes”.
“A defesa constituída ainda não teve acesso à acusação e tampouco às colaborações, porém, ao julgar pelas notícias, a narrativa acusatória é uma hipótese inverossímil, que se ampara somente na narrativa do assassino confesso, sem apresentar provas que sustentem a versão do homicida”, afirma a nota.
Já as defesas de Fonseca e Ronald não foram encontradas.