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    Caso Marielle: há possibilidade de novas delações, diz procurador-geral do MP-RJ à CNN

    Investigações avançaram após delação premiada de Élcio Queiroz, que confessou ter dirigido o veículo utilizado no crime

    Leandro ResendeTiago Tortellada CNN

    em São Paulo

    Em entrevista exclusiva à CNN nesta terça-feira (25), o procurador-geral do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), Luciano Mattos, afirmou que há possibilidade de novas delações de suspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.

    As investigações sobre o caso avançaram após delação de Élcio Queiroz, que confessou ter dirigido o carro com Ronnie Lessa, apontado por ele como autor dos disparos.

    Mattos pontuou que é um “fato muito possível” que outros investigados, após um deles ter feito o acordo com as autoridades, também venham a delatar.

    O procurador destacou que a nova fase das apurações traz um “leque de oportunidades” para que elas sejam aprofundadas e tenham mais celeridade, com desdobramentos em busca de novas provas, por exemplo.

    Além disso, outros elementos da delação de Élcio ainda serão investigados e alguns permanecem sob sigilo. Quanto ao acordo, Mattos ressaltou que as contrapartidas foram “muito adequadas”, mas não pôde dar mais detalhes por também estarem sob sigilo.

    Ainda assim, destacou que não estava incluído o não comparecimento ao Tribunal do Júri.

    Já sobre suposta possibilidade de delação de Ronnie Lessa anteriormente, o procurador-geral negou o fato. “Em termos reais de tratativas, foi só agora com o Élcio Queiroz.”

    Por fim, Luciano Mattos também comentou sobre a atuação da Polícia Federal (PF) no caso, ponderando que a “união de esforços” permite novos efeitos, como o da operação desta segunda.

    Ele também negou que tenha havido resistência do Ministério Público do Rio de Janeiro sobre a cooperação com a PF, ressaltando que, quando Flávio Dino sinalizou intenção de colaborar com as investigações, “prontamente o procurou”.

    Delação de Élcio Queiroz e avanço nas investigações

    A partir da delação de Queiroz, foram realizadas ações de busca e apreensão na segunda-feira (24) e mais um suspeito foi preso: o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, dito pelo ex-PM como responsável por fazer “campana” e seguir os passos de Marielle, além de levar o carro usado no crime para um desmanche.

    Ele ainda citou o ex-sargento da PM Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como “Macalé”, como quem contratou Ronnie Lessa. O ex-militar, entretanto, foi morto em 2021, no Rio de Janeiro.

    Ainda assim, em entrevista exclusiva à CNN nesta segunda-feira (24), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que foi dado um passo significativo para descobrirem o mandante do caso.

    O crime ocorreu em 14 de março de 2018. O carro de Marielle e Anderson foi alvejado com 13 tiros de uma submetralhadora HK MP5. A vereadora foi atingida por quatro tiros na cabeça, e o motorista, por três. Os dois morreram no local.

    Veja principais pontos da delação de Élcio Queiroz

    A relação de amizade Élcio e Lessa

    • Disse que teve dificuldades financeiras, que perdeu a renda e fazia somente bicos;
    • Que Ronnie o ajudou muito, que eram amigos há 30 anos;
    • Que Ronnie tinha uma boa situação financeira;
    • Que Ronnie tinha quiosques em uma favela de Manguinhos, mas que nunca viu;
    • Que Ronnie mexia com “gato net” (rede ilegal de TV por assinatura) e uma pessoa passava uma renda mensal para ele, e máquinas caça-níqueis;
    • Que Maxwell (bombeiro) era sócio de Ronnie Lessa nesse “gato net” na favela de Manguinhos;
    • Que tem uma dívida de gratidão com Ronnie Lessa;

    Sobre o crime

    • Que o carro usado no crime havia sido recuperado por Ronnie de uma apreensão;
    • No réveillon de 2017 para 2018, houve a primeira conversa com ele sobre a morte de Marielle;
    • Que Ronnie Lessa disse que “tinha um trabalho a fazer e o alvo seria uma mulher”. Que o bombeiro Maxwell já estava de campana;
    • Que o Maxwell seria o motorista, Ronnie no banco do carona com uma metralhadora, foi essa a situação que me passou;
    • Que a arma do crime pertencia ao BOPE, Batalhão de Operações Especiais. Houve um incêndio no BOPE e algumas armas foram extraviadas;
    • Disse que só soube que o alvo era Marielle no dia;
    • “Ela apareceu, o motorista estava ali em pé com telefone na mão. Alguma atitude do Ronnie naquele momento deu a entender que ele sabia, conhecia o motorista ou o carro que ela ia embarcar, alguma coisa assim;

    Momento do crime

    • “Da rajada, começou a cair umas cápsulas na minha cabeça e no meu pescoço; (inaudível) quem pensa ‘que silencioso’…mas faz um barulho danado, não tinha nem noção; quem pensa que é pouco barulho… mas é muito barulho; aí caíram as cápsulas em mim e ele falou ‘vão embora’; eu nem vi se acertou quem, se não acertou”;
    • Nesse momento dos disparos, o Ronnie já tinha colocado a balaclava pra esconder;

    Depois do crime

    • Deixaram o carro na casa do irmão Dênis Lessa e pegou um táxi;
    • Ele achou que “só” Marielle tinha morrido. Quando soube que o motorista Anderson Gomes tinha morrido também, ele disse: “que merd*”;
    • A intenção era matar “só” Marielle;
    • “Eu nem vi o rosto dele, eu parei paralelo, pode ser que o disparo atravessou o vidro”;
    • “No final das contas, eu fiquei bêbado”;

    No dia seguinte

    • Trocaram a placa do carro;
    • Ronnie Lessa enviava mensagem por outro programa de mensagem para não ligar a casa de Élcio Queiroz à antena. Ele avisava que estava chegando muito tempo antes;
    • “Ele sempre se precaveu”;
    • Ronnie disse que tinha que sumir com o carro, não deixar DNA;

    Relembre quem foi Marielle Franco:

    m atualização