Caso Marielle: Federalizar investigação pode trazer prejuízos, diz MP do Rio
Caso voltou à tona após o ministro da Justiça, Flávio Dino, sugerir, nesta semana, que o duplo homicídio possa ser investigado pela Polícia Federal.
O Ministério Público do Rio de Janeiro considera que uma eventual federalização da investigação da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrida em 2018, poderá trazer sérios prejuízos aos trabalhos do grupo de 8 promotores que tenta desvendar, afinal, quem mandou matar a política carioca.
O caso voltou à tona após o ministro da Justiça, Flávio Dino, sugerir, nesta semana, que o duplo homicídio possa ser investigado pela Polícia Federal.
À CNN, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou que era contra a federalização durante o governo Bolsonaro, mas que agora as famílias irão rediscutir a possibilidade de apoiar que o caso saia das autoridades do Rio de Janeiro.
“O eventual deslocamento trará sérios prejuízos aos trabalhos, tanto em relação às investigações em curso, quanto ao julgamento dos executores já identificados no júri que se avizinha, que necessita de promotores de Justiça que conheçam profundamente as provas produzidas nas milhares de páginas do processo e milhões de terabytes produzidos pelas quebras realizadas”, diz o MPRJ.
Segundo o MPRJ, o deslocamento de competência para a esfera federal do duplo homicídio não será decisivo para afastar a dificuldade e a complexidade do episódio.
Em 2020, o Superior Tribunal de Justiça rejeitou o chamado “Incidente de Deslocamento de Competência”, quando os ministros rejeitaram a possibilidade de a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Polícia Federal tomarem a frente da investigação.
Internamente, a CNN apurou junto a fontes no MPRJ e na PGR que não existem, por enquanto, elementos mínimos que justifiquem a elaboração de um novo pedido ao STJ para que o caso seja apurado na esfera federal.
Há três frentes abertas de investigação: uma que procura robustecer as provas contra Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, ex-policiais presos por terem disparado contra Marielle e Anderson, cujo julgamento deve ocorrer no primeiro semestre deste ano; a segunda apura quem foi o mandante do crime, e hoje o foco é provar a relação do crime com interesses da contravenção no estado; a terceira investiga as pessoas que atrapalharam as investigações.