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    PF adia depoimento de Zambelli sobre suposta contratação de hacker preso por invadir sistema do Judiciário

    Defesa da deputada federal afirmou, na sexta-feira (4), que ela só irá se manifestar se tiver acesso às investigações do seu caso

    Anne Barbosada CNN , Em São Paulo

    A Polícia Federal (PF) adiou o depoimento da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que estava previsto para a tarde desta segunda-feira (7), informou à CNN a defesa da parlamentar.

    Ela é investigada pela possível contratação do hacker Walter Delgatti Neto para inserir, de maneira ilegal, dados no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), entre eles um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

    Em nota divulgada na sexta-feira (4) pelo advogado da parlamentar, Daniel Bialski, Zambelli afirmou que só falará se tiver acesso às investigações do seu caso. No documento, a defesa alega que a deputada não cometeu ou participou de nenhum ato ilícito.

    Veja também: PL teme perder puxadores de voto se cassarem Zambelli

    “Por expressa orientação da defesa técnica, [Zambelli] não responderá às perguntas até que sejam fornecidas cópias de todo o inquérito e das cautelares”, diz a nota do advogado, que complementa indicando que deputada quer “ser ouvida e prestar todos os esclarecimentos”.

    Segundo o advogado de Zambelli, a demanda pelo acesso ao inquérito se dá “justamente para assegurar a ampla defesa, o contraditório e o devido processo legal”.

    Em entrevista coletiva em frente à sede da PF em São Paulo, Zambelli disse não ter medo da cassação de seu mandato. “A gente não sabe muito bem o que esperar da Justiça, mas eu não tenho medo de cassação. Tenho enfrentado todos os problemas que tenho tido com a Justiça”, disse.

    “Não é uma faculdade da deputada saber o que consta no processo policial, nas medidas cautelares e nos procedimentos. É um direito dela, independentemente do cargo que ela exerce”, disse o advogado Daniel Bialski.

    Entenda por que Zambelli é investigada

    O caso passou para a competência do Supremo Tribunal Federal (STF) após a suspeita de envolvimento da deputada Carla Zambelli (PL-SP).

    Segundo os investigadores, Delgatti teria invadido os sistemas entre setembro e dezembro de 2022 a pedido de Zambelli, com o objetivo de expor vulnerabilidades do Poder Judiciário pouco antes das eleições.

    Na época, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendia, sem apresentar provas, que o sistema eleitoral brasileiro era inseguro e pedia que fosse alterado, com a inclusão do voto impresso nas urnas eletrônicas.

    Além disso, a PF também investiga crimes que ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ e, possivelmente de outros tribunais pelo país, 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos, além de um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes.

    O hacker preso recebeu R$ 13,5 mil da deputada, segundo a PF. Os pagamentos feitos são um dos elementos que embasam a operação.

    “Os pagamentos foram sempre relacionados ao site, para ele fazer melhorias no site, fazer firewall no site e ligar as minhas redes sociais ao site, que ele próprio disse que não conseguiu realizar essa tarefa. Inclusive, deveria ter tido até a devolução [do dinheiro]”, argumentou Zambelli em coletiva na Câmara dos Deputados.

    Após a operação da PF, líderes ligados à cúpula da Câmara dos Deputados passaram a apostar numa eventual cassação de Zambelli.

    Carla Zambelli

    Na última eleição, a parlamentar foi a mulher mais votada do Brasil para ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados e a pessoa mais votada de São Paulo, com 946 mil votos. Ela está em seu segundo mandato consecutivo.

    Desde o início do governo Bolsonaro, Zambelli se notabilizou como uma das principais aliadas do ex-mandatário, apoiando-o em pautas econômicas e de costumes.

    Filiada ao PL, mesmo partido de Bolsonaro, atualmente, ela é vice-líder da minoria na Câmara.

    Antes de entrar na vida pública, Zambelli atuou como gerente de projetos da KPMG em São Paulo, quando se tornou líder do movimento “Nas Ruas”.

    Veja também: Os reflexos da operação da PF contra Carla Zambelli

    (Publicado por Lucas Schroeder, com informações de Elis Francois e Pedro Jordão, da CNN, em São Paulo)

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