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    Capitão do Exército flagrado em imagens do 8 de janeiro diz que atuou para “conter danos”

    Militar justifica não ter atuado de maneira mais ostensiva porque o contingente da segurança era muito inferior ao de invasores

    Marcos Guedesda CNN , Em São Paulo

    O capitão do Exército Brasileiro José Eduardo Natale de Paula Pereira, que era o responsável pela segurança do Palácio do Planalto em 8 de janeiro, quando invasores depredaram e vandalizaram as sedes do governo, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), disse com exclusividade à CNN que, ao cumprimentar os invasores que foram flagrados pelas câmeras de segurança, atuou para “conter danos”.

    “Foi para fazer a contenção de danos, para impedir que as pessoas entrassem no gabinete do presidente, que seria a última linha”, diz o militar que justifica não ter realizado prisões pois estava sozinho contra uma multidão.

    A CNN teve acesso em primeira mão às imagens do circuito interno de 22 câmeras do Palácio do Planalto no dia dos atos criminosos, em 8 de janeiro. Foram mais de 160 horas analisadas para a reportagem exibida na manhã desta quarta-feira (19).

    Os vídeos mostram que o capitão José Eduardo Pereira estava presente em vários momentos durante a invasão e que ele chega a abrir uma sala, onde os invasores pegaram água para beber.

    Nas imagens, também é possível ver que ele acompanha de perto um dos invasores pegando um extintor. A reportagem perguntou o motivo de ele não ter tentado impedir que o objeto fosse levado.

    “Se tivesse uma força proporcional teria prendido. Uma coisa é você sozinho no meio de 300, 400, 800 que estavam lá dentro e querer sair prendendo todo mundo”, justifica.

    O militar também ratifica que esteve sozinho em boa parte das imagens que foram veiculadas e que não tinha comando sobre a tropa de choque, composta por poucos militares que estavam presentes na data.

    “Eu não tinha a função de comando. Eu não tinha a tropa na minha mão, apesar de estar ali tentando manobrar aquela tropa de choque. Naquela hora que o cara pega o extintor, aparece a Polícia Militar. Eu já estava subindo. Foi bem no final”, diz.

    O então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marco Edson Gonçalves Dias, também aparece nas imagens da invasão ao Palácio do Planalto. Ele pediu demissão na tarde desta quarta, horas depois da divulgação dos vídeos.

    A CNN apurou com integrantes do GSI na época que a ordem inicial de Gonçalves Dias aos militares era para que fosse feita uma evacuação do prédio.

    Ainda segundo essas fontes, houve algum tipo de problema de comunicação que ocasionou em um contingente pequeno para enfrentar a multidão que já se organizava para os atos golpistas, que já eram anunciadas em redes sociais ainda no começo de janeiro.

    O capitão José Eduardo Natale de Paula Pereira diz que foi afastado desde 8 de janeiro e deve permanecer sem acesso ao GSI até que a investigação sobre o ocorrido seja finalizada.

    A CNN pediu informações ao GSI sobre o pedido para que o prédio fosse evacuado e sobre o baixo contingente de militares na data, mas até o momento não obteve resposta.

    Mais cedo, o gabinete já havia publicado a seguinte nota:

    “A respeito de reportagem veiculada no dia de hoje, sobre os ataques do 8 de janeiro, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) esclarece que as imagens mostram a atuação dos agentes de segurança que foi, em um primeiro momento, no sentido de evacuar os quarto e terceiro pisos do Palácio do Planalto, concentrando os manifestantes no segundo andar, onde, após aguardar o reforço do pelotão de choque da PM/DF, foi possível realizar a prisão dos mesmos.

    Quanto as afirmações de que agentes do GSI teriam colaborado com os invasores do Palácio do Planalto, informa-se que as condutas de agentes públicos do GSI envolvidos estão sendo apuradas em sede de sindicância investigativa instaurada no âmbito deste Ministério e se condutas irregulares forem comprovadas, os respectivos autores serão responsabilizados.

    Cabe ainda ressaltar que as imagens de câmeras de segurança do Palácio do Planalto, gravadas no dia 8 de janeiro, fazem parte de Inquérito Policial instaurado no âmbito do STF, e o GSI não autorizou ou liberou qualquer imagem que não fosse destinada aos órgãos investigativos responsáveis, tendo em vista a proteção do sigilo do inquérito, previsto no art. 20 do Código de Processo Penal.”

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