Candidatura à Câmara ajudará a ampliar bancada do PSOL, diz Boulos
Candidato do PSOL desistiu de disputar o governo de São Paulo para, segundo ele, derrotar "os tucanos e o bolsonarismo"
Após desistir da disputa pelo governo de São Paulo neste ano, Guilherme Boulos (PSOL) considerou que a sua candidatura à Câmara dos Deputados irá “ajudar a ampliar a bancada do partido”. Em entrevista à CNN, o agora candidato a deputado federal assumiu ter a expectativa de “pelo menos dobrar a bancada do PSOL em São Paulo e também em nível nacional”.
“A eleição deste ano vai ser uma batalha muito dura, tanto a gente conquistar mais cadeiras na Câmara e no Senado, quanto ganhar o governo de São Paulo acabando com a hegemonia tucana e, sobretudo, tirar o Bolsonaro da Presidência e eleger o Lula”, afirmou.
Boulos disse que tomou a decisão de concorrer à Câmara após conversar com companheiros de partido e movimentos sociais, e elencou como prioridades ampliar a bancada da esquerda no Congresso Nacional, impedir a reeleição de Jair Bolsonaro (PL) e “derrotar o bolsonarismo e o centrão da Câmara dos Deputados”.
“É muito importante para que a gente possa avançar na pauta de revogação de reformas que foram contra o povo brasileiro, aprovar uma reforma tributária progressiva e avançar em uma pauta mais popular no Congresso que a gente tenha uma esquerda mais forte”, disse o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
O professor avaliou que, por muitas vezes, o eleitorado brasileiro foca apenas em eleições majoritárias — que elegem senadores, prefeitos, governadores e presidente — e reforçou a importância de eleger deputados federais que “tragam para o centro da agenda política a importância de eleger um Congresso diferente”.
“Neste ano o que está em jogo não é somente eleição, o que está em jogo é tirar o Brasil do buraco”, disse Boulos. “O que está em jogo neste ano está além das fronteiras partidárias, eu acho que vale a pena deixar as divergências de lado para que a gente possa seguir esse caminho”, completou.
Disputa pelo governo de São Paulo
De fora da eleição estadual, Boulos ressaltou a importância de haver uma unidade em torno de uma única candidatura ao governo de São Paulo.
De acordo com a última pesquisa Quaest/Genial divulgada na quinta-feira (17), o ex-ministro Fernando Haddad (PT) conta com 24% das intenções de voto para governador do estado, seguido por Márcio França (PSB), com 18%. Os dois candidatos são mais identificados com o espectro da esquerda, e disputam votos do campo progressista.
Boulos avaliou que “a candidatura de Haddad se mostrou, até esse momento, mais competitiva”, e afirmou que “temos a oportunidade do campo progressista vencer pela primeira vez desde a redemocratização a hegemonia dos tucanos, e por isso a unidade é essencial”.
“Meu gesto expressa isso e espero que possa se avançar na unidade no que se refere a Márcio França e o PSB, que venham e ajudem a compor esse processo”, disse.
Nova tentativa de se eleger prefeito
O coordenador do MTST ainda comentou sobre as eleições municipais de 2024, e afirmou que espera que a disputa pela prefeitura de São Paulo também encontre “uma unidade no campo progressista”.
Boulos, no entanto, não respondeu se será candidato a prefeito, e afirmou que “meu foco está em 2022, e não 2024”. “Em 2024 nós vamos ter um desafio de também conquistar um projeto para a maior cidade do Brasil. São Paulo está devastada”, afirmou.
Nas últimas eleições municipais de São Paulo, em 2020, Boulos foi derrotado por Bruno Covas (PSDB), que se reelegeu. Covas chegou a 59,38% dos votos válidos, enquanto Boulos teve 40,62% do total.
“Em 2020 fomos candidatos à prefeitura e ninguém acreditava. Tínhamos 17 segundos na TV, sem estrutura e sem dinheiro chegamos ao segundo turno”, relembrou.
Agora candidato a deputado federal, o psolista comentou sobre a tentativa de se tornar o deputado federal mais votado da história do Brasil. Atualmente, esse título é de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que nas eleições de 2018 conquistou uma vaga na Câmara após receber mais de 1,84 milhão de votos.
“Fazer com que ele não seja o deputado mais votado de São Paulo no Brasil também é muito simbólico, e eu estou muito animado com essa tarefa”, finalizou Boulos.