Candidatos adotam sobrenome Bolsonaro para mostrar proximidade com presidente
Considerados discípulos, ao menos 27 candidatos a deputado indicaram o sobrenome do presidente no registro de candidaturas do TSE
Na prática, em vez do nome de batismo, esses candidatos apresentarão ao eleitor nas urnas o apelido que ganharam nos últimos anos, normalmente, por defenderem o chefe do executivo federal. O primeiro turno das eleições está marcado para 2 de outubro.
O estado de São Paulo é onde há mais “Bolsonaros” disputando um cargo. São três para deputado estadual e dois para federal, entre eles o filho do presidente da República, Eduardo Bolsonaro. Ele busca a reeleição. Assim como uma prima de segundo grau, Valéria Bolsonaro, que já ocupa vaga na Assembleia Legislativa.
De todos os listados até agora, juntamente com Léo Índio Bolsonaro, que concorre a vaga no legislativo do Distrito Federal, são os únicos com vínculo consanguíneo com Jair Bolsonaro.
Além de São Paulo, outras dez unidades da federação contam com políticos que adotaram o sobrenome do presidente na urna. E as referências são as mais diversas.
“Padre do Bolsonaro”, por exemplo, é candidato a deputado estadual pelo Partido Liberal em Santa Catarina. E a “Pastora Ana Bolsonaro” pleiteia o mesmo cargo também pelo PL entre os paulistas.
Há também quem adotou um nome militar. Na Bahia, Genivaldo de Souza Araújo, conhecido defensor do presidente no estado, disputa uma vaga de deputado estadual com o nome “Capitão do Bolsonaro”.
O uso desses apelidos ou referências são permitidos pela Justiça Eleitoral. Segundo o TSE, o candidato só não pode usar nomes que atentem contra o pudor ou que sejam ridículos ou irreverentes. A lei também proíbe o uso de expressões ou siglas de qualquer órgão da administração pública. E, caso discorde do nome que algum candidato escolheu para se identificar na urna, qualquer pessoa pode provocar os tribunais regionais.
No Distrito Federal, os três postulantes que levam o sobrenome Bolsonaro nos registros garantem que têm a autorização do presidente do uso do apelido. “Uso desde 2014. Criei um vínculo por sempre defender posições conservadoras dentro dos movimentos que participo. Muita gente, inclusive, acha que sou filha do Jair”, diz Kelly Pereira dos Santos, a Kelly Bolsonaro, que disputa uma cadeira de deputada distrital.
É essa proximidade que também fez Fabiano Guimarães da Rocha solicitar ao TSE autorização para que nas urnas seja identificado como “Intérprete do Bolsonaro”. Candidato a deputado federal pelo Republicanos, ele ganhou visibilidade ao acompanhar em libras as falas do presidente, na TV e em viagens por todo o Brasil.
A lista dos “Bolsonaros” conta ainda com um coletivo de candidatos – prática comum de partidos da esquerda em que 1 nome genérico representa um grupo de conselheiros de mandato.
No caso, o “Coletivo Maranhão Bolsonaro” disputa uma cadeira na Assembleia Legislativa do estado nordestino. Já no Rio Grande do Sul, iniciativa semelhante usa o sobrenome do presidente para compor um coletivo de protesto. O “Coletivo Bolsonaro Nunca Mais” busca vaga no legislativo estadual pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol).
Pela legislação, os partidos e federações partidárias têm até o próximo dia 15 para apresentar os registros de candidaturas. Outros nomes podem aparecer nesta lista de “Bolsonaros”. É o caso da ex-mulher do presidente, Cristina Bolsonaro, que teve o nome aprovado na convenção do Progressistas no Distrito Federal, mas ainda não consta na lista do TSE.
A CNN questionou ao presidente por intermédio de sua assessoria se ele havia autorizado que outros candidatos usassem seu sobrenome, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.
Debate
As emissoras CNN e SBT, o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e a rádio NovaBrasilFM formaram um pool para realizar o debate entre os candidatos à Presidência da República, que acontecerá no dia 24 de setembro.
O debate será transmitido ao vivo pela CNN na TV e por nossas plataformas digitais.
Fotos – Os candidatos a presidente em 2022
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) participa de solenidade no Palácio do Planalto, em Brasília - 20/06/2022 • CLÁUDIO REIS/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente, governou o país entre 2003 e 2010 e é o candidato do PT • Foto: Ricardo Stuckert
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O candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) tenta chegar ao Palácio do Planalto pela quarta vez • FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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Simone Tebet cumpre o primeiro mandato como senadora por Mato Grosso do Sul e é a candidata do MDB à Presidência • Divulgação/Flickr Simone Tebet
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Felipe d'Avila, candidato do partido Novo, entra pela primeira vez na corrida pela Presidência • ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
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José Maria Eymael (DC) já concorreu nas eleições presidenciais em 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018, sempre pelo mesmo partido • Marcello Casal Jr/Agência Bras
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Vera Lúcia volta a ser candidata à Presidência da República pelo PSTU. Ela já concorreu em 2018 • Romerito Pontes/Divulgação
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Leonardo Péricles, do Unidade Popular (UP), se candidata pela primeira vez a presidente • Manuelle Coelho/Divulgação/14.nov.2021
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Sofia Manzano (PCB) é candidata à Presidência da República nas eleições de 2022 • Pedro Afonso de Paula/Divulgação
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Senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS), candidata à Presidência da República - 02/08/2022 • ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
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Padre Kelmon (PTB) assumiu a candidatura à Presidência após o TSE indeferir o registro de Roberto Jefferson (PTB) • Reprodução Facebook