Candidatos a presidente falam sobre o papel do BNDES
Criado na década de 1950, o banco é vinculado ao governo federal e usado para financiamento de longo prazo


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), fundado em 20 de junho de 1952, é uma empresa pública federal vinculada ao Ministério da Economia e usada para financiamentos de longo prazo e investimentos.
O banco tem, por exemplo, uma parceria firmada com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) voltada para operações de crédito com microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte.
Em 2021, o banco teve um lucro líquido recorde de R$ 34,1 bilhões, puxado por ganhos com participações societárias e por intermediação financeira.
A CNN perguntou aos candidatos à Presidência da República o que eles pensam sobre o BNDES e que papel o banco deve ter no governo
Confira abaixo as respostas:
Luiz Inácio Lula da Silva (PT):
O BNDES sofreu um profundo desmonte nos últimos anos. Descapitalizado, perdeu sua relevância no mercado de crédito, reduziu o financiamento das micro e pequenas empresas e deixou de financiar os projetos de infraestrutura e modernização da estrutura produtiva.
O mercado de capitais, apesar de seu crescimento, não está substituindo o BNDES, pois não cumpre as funções que este desempenhava. Ele é inacessível às pequenas e médias empresas, que precisam recorrer ao crédito bancário, que está mais caro e escasso, entre outros motivos pela redução da participação dos bancos públicos. Os prazos dos títulos no mercado privado, ainda que estivessem aumentando, são bem menores e com juros mais altos que os praticados pelo BNDES historicamente.
As taxas de juros também estão mais elevadas devido a substituição da TJLP pela TLP, que é uma taxa com comportamento pró-cíclico. Com a subida dos juros iniciada pelo BC em março de 2021 e ainda em curso, o cenário tende a piorar pelo aumento da TLP e do custo das captações privadas no mercado de capitais.
Acreditamos que o BNDES deve ser pensado como um importante instrumento dentro de uma nova estratégia de desenvolvimento. Ele possui papel decisivo no âmbito da política industrial, do financiamento à inovação, da transição ecológica, do empreendedorismo, cooperativismo e na estratégia de inserção internacional das empresas brasileiras. Por esse motivo, propomos o acréscimo de um novo “S”, de sustentabilidade, ao nome do banco, sinalizando um critério que deverá perpassar a análise de projetos e das decisões de investimento.
A existência do BNDES não é incompatível com crescimento do mercado de capitais, pois ele pode atuar onde e quando o crédito privado não atende satisfatoriamente, como no caso das pequenas e médias empresas, nos momentos de turbulência no mercado financeiro ou voltado para setores estratégicos, inovações tecnológicas, em particular aquelas com impactos sociais e ambientais positivos.
Com sua ampla expertise, ele é capaz de avaliar e desenvolver projetos, oferecer financiamento de longo prazo compatível com as necessidades diferenciadas de cada tipo de investimento. Além disso, o BNDES poderá operar através de garantias, viabilizando uma série de investimentos em parceria com o setor privado nos setores de infraestrutura econômica e social, vitais para o desenvolvimento do país.
Diversos bancos de desenvolvimento ao redor do mundo, incluindo instituições multilaterais, têm avançado em um modelo de negócios baseado na concessão de garantias, aproveitando a liquidez internacional para viabilizar projetos em parceria com o setor privado. Dessa forma, se amplia o investimento com menor comprometimento do balanço do banco e do orçamento público, que podem se voltar para o apoio às micro e pequenas empresas, além de temas como inovação e transição ecológica.
Portanto, defendemos a recuperação do papel dos bancos públicos, em particular do BNDES, no financiamento de micro, pequenas e médias empresas, fomentando o empreendedorismo, o cooperativismo e financiando os investimentos necessários para a transição ecológica, energética e digital.
Jair Bolsonaro (PL):
O candidato não respondeu até o momento da publicação.
Ciro Gomes (PDT):
O candidato não respondeu até o momento da publicação.
Simone Tebet (MDB):
A candidata não respondeu até o momento da publicação.
Pablo Marçal (Pros):
O candidato não respondeu até o momento da publicação.
Felipe d’Avila (Novo):
O candidato não respondeu até o momento da publicação.
José Maria Eymael (DC):
O candidato não respondeu até o momento da publicação.
Leonardo Péricles (UP):
O candidato não respondeu até o momento da publicação.
Roberto Jefferson (PTB):
O governo de Bolsonaro tem entre seus grandes feitos o fato de ter trazido o BNDES de volta a sua vocação.
Temos de manter isso aí e impedir que o Brasil mude de rumo.
Sofia Manzano (PCB):
A candidata não respondeu até o momento da publicação.
Soraya Thronicke (União Brasil):
A candidata não respondeu até o momento da publicação.
Vera Lúcia (PSTU):
O BNDES é um banco muito importante, porém, financia os projetos das grandes empresas. Tem funcionado como uma “Bolsa Empresário”. Isso nós vamos mudar. Nossa proposta é cortar completamente com essa mamata.
O BNDES deve se dedicar ao financiamento aos pequenos empresários e comerciantes, ser parte na mudança estrutural do país como na participação de um plano de obras públicas e financiar os pequenos agricultores e artesãos.
Debate
As emissoras CNN e SBT, o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e a rádio NovaBrasilFM formaram um pool para realizar o debate entre os candidatos à Presidência da República, que acontecerá no dia 24 de setembro.
O debate será transmitido ao vivo pela CNN na TV e por nossas plataformas digitais.
Fotos – Os candidatos a presidente em 2022
- 1 de 11
O presidente Jair Bolsonaro (PL) participa de solenidade no Palácio do Planalto, em Brasília - 20/06/2022 • CLÁUDIO REIS/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
- 2 de 11
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente, governou o país entre 2003 e 2010 e é o candidato do PT • Foto: Ricardo Stuckert
- 3 de 11
O candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) tenta chegar ao Palácio do Planalto pela quarta vez • FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
-
- 4 de 11
Simone Tebet cumpre o primeiro mandato como senadora por Mato Grosso do Sul e é a candidata do MDB à Presidência • Divulgação/Flickr Simone Tebet
- 5 de 11
Felipe d'Avila, candidato do partido Novo, entra pela primeira vez na corrida pela Presidência • ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
- 6 de 11
José Maria Eymael (DC) já concorreu nas eleições presidenciais em 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018, sempre pelo mesmo partido • Marcello Casal Jr/Agência Bras
-
- 7 de 11
Vera Lúcia volta a ser candidata à Presidência da República pelo PSTU. Ela já concorreu em 2018 • Romerito Pontes/Divulgação
- 8 de 11
Leonardo Péricles, do Unidade Popular (UP), se candidata pela primeira vez a presidente • Manuelle Coelho/Divulgação/14.nov.2021
- 9 de 11
Sofia Manzano (PCB) é candidata à Presidência da República nas eleições de 2022 • Pedro Afonso de Paula/Divulgação
-
- 10 de 11
Senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS), candidata à Presidência da República - 02/08/2022 • ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
- 11 de 11
Padre Kelmon (PTB) assumiu a candidatura à Presidência após o TSE indeferir o registro de Roberto Jefferson (PTB) • Reprodução Facebook