Campanha de Lula aposta no salário-mínimo para ampliar votos nas classes C e D
Equipe do petista quer explorar a possibilidade ventilada pelo governo de Jair Bolsonaro de desindexar o piso salarial da inflação
A coordenação de campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer focar no tema do salário-mínimo nesta última semana antes das eleições em segundo turno. A avaliação do QG do petista é de que o assunto atinge e gera interação entre os eleitores que ganham de dois a cinco salários-mínimos (R$ 2.424 a R$ 6.060, pelo valor atual) e por isso deve ser bem discutido nas redes sociais até a votação, marcada para domingo (30).
Segundo interlocutores, abordar a possibilidade de aumentar o valor real do salário-mínimo, além das aposentadorias, pensões e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) é visto como uma chance de que Lula cresça nas intenções de voto do brasileiro das classes C e D. Pesquisas mostram, que nesse eleitorado o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), tem maior apoio.
O tema voltou à tona depois que a possibilidade de o atual governo desindexar o salário mínimo da inflação foi discutida. Se levada a diante, a proposta desvincularia o aumento anual do salário à inflação do ano anterior, o que foi criticado pela campanha petista e mal recebido pelos eleitores. Na semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente Jair Bolsonaro negaram ter a intenção de levar adiante a desindexação.
Neste domingo (23), a ministra Maria Isabel Gallotti, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou a remoção de cerca de 20 postagens de redes sociais do perfil de Lula e de apoiadores que afirmam que o governo Bolsonaro tem a intenção de reduzir o valor do salário mínimo, de aposentadorias, de pensões e do BPC.
Para a campanha do petista, o fato da equipe jurídica de Bolsonaro ter entrado no TSE para proibir Lula de falar no assunto, mostra como falar de salário mínimo é um assunto que pode atrair votos.