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    Câmeras flagraram Daniel Silveira escondendo celulares na calça, diz PF ao STF

    Imagens entregues em relatório da Polícia Federal registrariam momento em que deputado preso recebe aparelho de assessor e esconde na roupa

    Thais Arbexda CNN

     A Polícia Federal informou ao STF (Supremo Tribunal Federal), nesta segunda-feira (1º), que câmeras da Superintendência da PF no Rio de Janeiro flagraram assessores entregando dois aparelhos celulares ao deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) na prisão. As imagens, segundo relatório, também mostram o parlamentar escondendo os aparelhos telefônicos em sua calça.

    No documento enviado ao ministro Alexandre de Moraes, a PF afirma ter ficado “explícito que houve conluio entre o deputado e seus assessores” para “a entrada dos aparelhos no cômodo restrito à custódia do deputado federal”.

    Como antecipou à CNN, a Polícia Federal apreendeu dois aparelhos de telefone celular durante uma vistoria na cela do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), na Superintendência da PF no Rio de Janeiro, no dia 18 de fevereiro, dois dias depois de ele ser preso. Um inquérito foi aberto para apurar o caso.

    “As imagens também revelaram que o próprio deputado federal custodiado teve participação fundamental no ingresso dos aparelhos celulares apreendidos, no cômodo onde ficara custodiado, já que fora ele mesmo quem escondera os telefones no bolso de sua calça, na primeira ocasião, e dentro da calça, na segunda oportunidade, aproveitando-se de audiências privadas com seu advogado”, diz o relatório da Polícia Federal.

    O documento também confirma a informação revelada pela CNN, no dia 18 de fevereiro, de que um dos celulares encontrados pela Polícia Federal na cela de Silveira era de uso pessoal do parlamentar e já havia sido apreendido no dia em que ele foi preso. A CNN apurou que, após a apreensão, o aparelho foi entregue a um assessor de Silveira na terça-feira (16).

    A Polícia Federal diz que a entrada na Superintendência e a entrega dos aparelhos celulares apreendidos ao deputado aconteceram no dia 17 de fevereiro, dia seguinte à sua prisão.

    “As imagens captadas deixam evidente que os aparelhos lhe foram entregues pelos seus assessores Mario Sérgio de Souza, Pablo Diego Pereira da Silva e outro ainda não perfeitamente qualificado, mas provavelmente se tratando de Rafael Fernando Ramos, os quais, provavelmente, se aproveitaram da presença, de comum acordo com ele ou não, do advogado André Benigno Rios na sala de visitas, para fazer a entrega dos aparelhos”, diz o documento.

    A Polícia Federal ressalta, ainda, que as “imagens também deixam evidente a participação do próprio deputado” na entrada dos celulares na cadeira, já que ele “recebe os aparelhos das mãos de seus assessores, sendo um deles o responsável pela cautela dos mesmos, e os esconde em sua calça, antes de retornar para o alojamento, onde estava preso, de forma a cuidar para que nenhum policial o visse, no intuito claro de ocultar a guarda dos telefones até o local da custódia definitiva. Ficou explícito que houve um conluio entre o Deputado custodiado e seus assessores, que ficaram com a posse dos aparelhos, quando da prisão do parlamentar”.

    De acordo com a PF, as imagens revelam que o advogado de Silveira viu os aparelhos sendo entregues ao deputado. “A garantia do sigilo da conversa entre o advogado e o cliente, possivelmente, foi utilizado pelos assessores do Deputado, para entrada e entrega dos aparelhos”, diz o documento. 

    Silveira, de acordo com o relatório, “chegou a reclamar bastante” da apreensão dos aparelhos, “fazendo alegações sem fundamento, chegando também a
    desbloquear os aparelhos, na tentativa de mostrar que não haviam sido feitas ligações naquela data”. 

    Em depoimento, o deputado disse não ter descumprido nenhuma norma ou praticado ilícito. E afirmou também que pediu o celular a um de seus visitantes para exercer o direito de fazer um telefonema para sua família e que, para isso, teve autorização de um policial. 

    Ainda no depoimento à PF, Silveira disse que, naquele momento, havia muitas pessoas na sala e, “como de costume, colocou os seus celulares no bolso e permaneceu com eles”. Também disse que “não tinha qualquer intenção de burlar as regras, até porque após a ligação permitida, não houve qualquer outra, ou seja, qualquer contato com pessoas fora da unidade polícia”. 

    A PF afirma no relatório que o deputado “abriu mão de seu sigilo telefônico”, mas se negou a fornecer as senhas de acesso dos aparelhos.