Câmara municipal de SP aprova processo de cassação de Camilo Cristófaro por racismo
Ação ocorre após vazamento de áudio do vereador dizendo “Não lavaram a calçada (…) é coisa de preto, né?”, em 3 de maio, durante a CPI dos Aplicativos
A Câmara Municipal de São Paulo aprovou de forma unânime, nesta terça-feira (24), a admissibilidade do processo de cassação contra o vereador Camilo Cristófaro (Avante) pelo crime de racismo.
Foram quatro representações contra ele na casa legislativa. A corregedoria aceitou os pedidos e recomendou a cassação do mandato. Porém, para isso, o processo necessitou da votação em plenário para ser admitido.
A origem da ação se deu após o vazamento de um áudio de Cristófaro dizendo “Não lavaram a calçada (…) é coisa de preto, né?”, durante sessão da CPI dos Aplicativos no dia 3 de maio. O vereador estava nesta sessão de forma on-line.
Foram 51 votos a favor, nenhum contra e nenhuma abstenção pela admissibilidade. Luana Alves (PSOL), que fez a denúncia, e Camilo Cristófaro não puderam votar.
“Foi um recado muito claro de que esta casa não tolera nem nunca irá tolerar qualquer ato de racismo” disse o presidente da Câmara, Milton Leite (União).
Agora o processo volta para a corregedoria, que deve nomear um relator até a próxima sexta-feira (27). A partir daí, começam os trabalhos de investigação, apresentação de provas e direito a defesa.
Segundo o corregedor Gilberto Nascimento (PSC), o prazo mínimo para um relatório final é de 50 dias, que pode ser mantido para a cassação do mandato ou apenas suspeição. Depois, a matéria volta para o plenário da Câmara para ser votado em definitivo.
A CNN não conseguiu contato com o vereador até a última atualização desta matéria.
Entenda o caso
Um trecho da fala de Camilo Cristófaro passou a circular nas redes sociais. No áudio, é possível ouvir o vereador dizendo: “Não lavaram a calçada (…) é coisa de preto, né?”
O parlamentar comentou sobre o caso em uma reunião do Colégio de Líderes da Casa e pediu desculpas “se alguém se sentiu ofendido”.
“Eu queria primeiro, se alguém se sentiu ofendido –e eu acho que deve se sentir–, eu peço desculpa por um contexto que eu fiz com ele e que ele faz comigo”, comunicou o vereador, sem informar a quem se referia.
“Então, é uma brincadeira nossa. Tanto é que ele é um cara que frequenta a minha casa. É uma pessoa que eu me orgulho”, acrescentou.
Um dia após o episódio, em 4 de maio, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) desfiliou Cristófaro. Em nota, a legenda confirmou a ação “antes mesmo de o diretório estadual acolher denúncia e instalar procedimento de investigação e julgamento contra o parlamentar.”
“Como o processo de expulsão levaria mais tempo, com direito a contraditório e ampla defesa, o presidente estadual Jonas Donizette aceitou pedido de desligamento encaminhado pelo vereador no dia 28 de abril.”