Boris Casoy: campanha para esquecer
Esta jornada eleitoral, como a do primeiro turno, só confirmou os piores vaticínios sobre o baixo nível que atingiria
Estamos, finalmente, em plena reta da campanha eleitoral do segundo turno para a eleição do presidente da República. Esta jornada eleitoral, como a do primeiro turno, só confirmou os piores vaticínios sobre o baixo nível que atingiria.
Não há campanha eleitoral conduzida por peregrinas virtudes. Nenhuma. Vigora o costumeiro “pega pra capar”. Mas desta vez o nível moral e ético da campanha atingiu os piores recordes das mais graves baixezas. Basta lembrar pelo menos as manifestações contra as urnas eletrônicas, as falas ameaçadoras do presidente Jair Bolsonaro (PL) e o clima de beligerância entre o presidente, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Paralelamente, estabeleceu-se no horário gratuito de rádio e televisão e na internet uma guerra em que a verdade foi a primeira vítima. Campearam calúnias, injurias, difamação e obscenidades comparáveis ao que há de pior em termos de pornografia.
A internet serviu de lente de aumento para esse esgoto produzido por ambas as campanhas no segundo turno. A tecnologia foi posta a serviço do crime. Tudo isso sob as vistas de um confuso e impotente TSE, que falou grosso, mas afinou a voz ao tentar cumprir suas tarefas no campo disciplinar.
A Justiça acabou tropeçando em suas próprias confusões e falta de tato ao tentar impor ordem na casa. O TSE, no desespero de acertar, acabou levantando a capa preta da censura prévia, num flagrante desrespeito à Constituição do país, que deve ser zelada pelo seu irmão xifópago, o STF (com o meu pedido de perdão aos cultores do Direito pela definição).
O episódio da censura aplicada à Jovem Pan foi o corolário dessa bruta e indefensável “ilegalidade do bem”. Os recuos que os ilustres magistrados procuram podem ser mais graves que o poema. Ainda não se convenceram que é impossível alcançar o impossível, ou seja, eliminar as notícias falsas, ternamente chamadas de fake news.
Os candidatos e a cumpichada amiga fartaram-se de xingar, mas, por exemplo, nem Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem Bolsonaro, ambos entretidos em seduzir religiosos, não deram ao eleitor a chance de conhecer seus planos econômicos (se é que existem).
Lula, depois de enfrentar a ditadura, perdeu a coragem e teme que o anúncio de seu programa econômico desiluda parte da audiência petista. Bolsonaro não consegue explicar como enfrentará, se eleito, as enormes crateras por ele mesmo criadas na economia do país.
E finalmente, é bom que se saiba que a eleição não está resolvida. Tanto pode dar Lula, como Bolsonaro. Por isso, cada voto é precioso. O seu principalmente.