Bolsonaro sinaliza veto a reajuste de servidores e diz que deixa cargo ‘em 2027’
Bolsonaro disse que deixa presidência em 2027 - ou seja, se for reeleito - a um homem que afirmou que "a democracia pede" sua renúncia ou impeachment
O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo (10) a apoiadores em Brasília que vai vetar os reajustes no serviço público incluídos no projeto de socorro a estados e municípios, mas não detalhou a medida. O texto aprovado pelo Congresso exclui do congelamento de salários algumas categorias de servidores, e Bolsonaro já havia sinalizado que iria vetar as partes que permitem o aumento.
“Como o Paulo Guedes me disse, a questão dos ajustes da economia… Amanhã a gente sanciona o projeto com veto e está resolvido a parte… Tá resolvido, não; tem tudo pra dar certo, apesar dos fechamentos por aí”, disse o presidente ao chegar ao Palácio da Alvorada, em Brasília.
Ainda na porta do palácio, Bolsonaro disse que sai da presidência em janeiro de 2027 — ou seja, que só deixaria o cargo depois de eventualmente reeleito em 2022 — a um homem que afirmou que “a democracia pede” a renúncia ou impeachment do presidente.
“Eu vou sair em 1º de janeiro de 27, falou? Primeiro de janeiro de 27”, disse Bolsonaro.
O presidente é alvo de dezenas de pedidos de impeachment levados à Câmara. Até o momento, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não deu prosseguimento a nenhum deles.
Vetos
Apesar de confirmar o veto na conversa com apoiadores, Bolsonaro não respondeu a imprensa que também estava na porta do Alvorada quando questionado sobre o tema.
“Sansão é o marido da Dalila”, disse o presidente, brincando com a semelhança da pronúncia entre “sanção” e “Sansão”.
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Na quinta, Bolsonaro disse que segue “a cartilha” do ministro da Economia, Paulo Guedes, e que por isso, “se ele acha que deve ser vetado esse dispositivo, assim será feito”.
Ontem (9), Guedes afirmou que, se Bolsonaro vetar o reajuste, “o déficit fiscal extraordinário por conta das medidas para combate à pandemia fica restrito a este ano”.
Atividades essenciais
Bolsonaro também declarou a apoiadores que “amanhã devo botar mais algumas profissões como essenciais aí”, sem dizer quais. O presidente aproveitou o anúncio para criticar os governadores, que em geral têm adotado medidas mais duras sobre circulação de pessoas e restringido o número de atividades econômicas autorizadas a funcionar.
“Eu abri. Já que eles [governadores] não querem abrir, a gente vai abrindo aí”, disse.
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Na quinta (7), Bolsonaro incluiu, por decreto, a construção civil e setores da indústria na lista de serviços essenciais. Embora o governo federal tenha a prerrogativa de estabelecer essa lista, os estados e municípios têm autonomia para decidir quais serviços podem funcionar em suas localidades durante o cumprimento da quarentena.
Na tarde deste domingo, Bolsonaro foi a um condomínio residencial em Brasília, onde participou de chá de bebê promovido por seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Eduardo e sua mulher, Heloísa, esperam uma menina.
CORREÇÃO: Uma versão anterior deste texto dizia que o presidente Jair Bolsonaro não tinha falado sobre os vetos ao projeto de congelamento de reajustes no serviço público. No entanto, uma análise posterior da gravação das declarações do presidente neste domingo (10) mostrou que ele falou sobre o assunto. O texto já foi corrigido.