Bolsonaro pede que TSE proíba campanha de Lula de usar vídeos que o associam à prática de pedofilia
Trecho de entrevista concedida pelo presidente na última sexta-feira (14) viralizou nas redes sociais neste fim de semana
A defesa de Jair Bolsonaro (PL) pediu que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proíba a coligação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de usar vídeos que associam o presidente à prática do crime de pedofilia em suas redes sociais e em peças da campanha.
Os advogados de Bolsonaro pedem ainda a remoção de vídeos que tenham sido publicados nas redes sociais e também na campanha da coligação do ex-presidente, sob pena de multa de R$ 500 mil. A relatora da ação no TSE é a ministra Cármen Lúcia.
O vídeo mencionado pela defesa da campanha do presidente, compartilhado nas redes sociais, traz uma entrevista de Bolsonaro a um podcast na última sexta-feira (14), em que ele relembra uma visita a uma casa onde viviam adolescentes venezuelanas, em Brasília, e usa a expressão “pintou um clima”.
Um trecho dessa entrevista viralizou nas redes sociais neste final de semana. Parlamentares de diferentes partidos políticos, incluindo do Partido dos Trabalhadores, e a própria presidente do PT, Gleisi Hoffmann, compartilharam em seus perfis nas redes sociais a gravação, que chegou a ser um dos assuntos mais comentados no Twitter neste sábado (15).
“O caso em apreço é mais um exemplo acadêmico de divulgação sistemática de fake news pela campanha adversária, que se utiliza de toda a sorte de descontextualizações e de inverdades, dentro de uma estratégia eleitoral verdadeiramente rasteira e repugnante”, afirmam os advogados no pedido feito ao TSE.
Na avaliação da defesa da campanha do presidente, o vídeo que vem sendo compartilhado nas redes sociais “a olhos desarmados, degrada a boa imagem do Presidente Jair Messias Bolsonaro, ambicionando imputar, no seio do eleitorado, de forma absolutamente descontextualizada e vil, a (falsa) sensação de que ele seria ‘pedófilo’”.
Os representantes alegam que o chefe do Executivo teve a intenção de denunciar o que a defesa chama de grave crise econômica na Venezuela e “as nefastas consequências sociais que levam à prática eventual, lamentável e triste, de atos de prostituição infantil”. Para a defesa, o tom da voz de Bolsonaro deixa claro o repúdio quanto à situação dos venezuelanos dentro e fora do país.
A defesa do presidente rebate ainda as críticas feitas a ele pelo uso da expressão “pintou o clima” e afirma que ela representa “um momento de percepção de uma situação propiciatória de cuidado e de investigação”.
A campanha do presidente diz que a expressão faz parte do vocabulário recorrente de Bolsonaro, que, segundo seus advogados, já a usou em outras situações com o objetivo de chamar a atenção do público-alvo. “Não tem, pois, qualquer conotação sexual!”, pontuam.
“Ou seja, a partir da reação das meninas à sua aproximação, o ‘pintou o clima’ foi para sugerir, em linguagem clara e direta, voltada para o povo, que as meninas, lamentavelmente, devido à penúria financeira de que são vítimas, com reflexos de degradação sexual, estariam à procura de possíveis clientes (o que foi posteriormente investigado pelo próprio Representante)”, destacam.
A defesa do ex-presidente Lula foi procurada, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem.