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    Bolsonaro pede informações e avalia licença para ministro, afirmam interlocutores do presidente

    Ministro da Educação está sendo apontado como autor de esquema de facilitação

    Caio Junqueirada CNN

    Fontes do Palácio do Planalto informaram à CNN que o presidente Jair Bolsonaro pediu a auxiliares que levantassem informações sobre a crise envolvendo o ministro da Educação, Milton Ribeiro, para avaliar sua situação política.

    A avaliação é a de que será esse levantamento que deverá balizar a decisão do presidente sobre o destino de Ribeiro: se será demitido, licenciado ou mesmo forçado a pedir demissão.

    Essas fontes asseguram que se trata de um movimento usual feito por Bolsonaro em situações em que há suspeitas de irregularidades no alto escalão: pede a auxiliares que levantem o maior número possível de informações sobre os personagens envolvidos. Nesse caso, por exemplo, o levantamento envolveria informações sobre os dois pastores que fizeram intermediação com prefeituras para liberarem verbas.

    O presidente teria dito ainda a auxiliares que até segunda-feira (28) não deve tomar nenhuma decisão sobre o caso. Primeiro porque viaja neste sábado e segundo porque no domingo há um evento de filiação do PL, partido do presidente.

    Bolsonaro, porém, tem dito acreditar na inocência do ministro. Mas que a decisão será pragmática tendo em vista um cálculo político e eleitoral do quando a crise afetará sua candidatura à reeleição.

    Há a percepção de que ele está presidente, mas também está candidato e que a eventual saída do ministro deverá ser decidida incluindo o impacto na sua candidatura. É dentro dessa perspectiva que a possibilidade de um licenciamento ganhou força nessa sexta-feira. Por essa linha, Milton Ribeiro se afastaria enquanto a investigação ocorresse.

    Em um áudio revelado pelo jornal “Folha de S.Paulo”, Ribeiro aparece dizendo que vai priorizar liberação de verbas de prefeituras cujos pedidos foram negociados pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, da Assembleia de Deus Cristo Para Todos.

    Na última semana, o jornal “O Estado de S. Paulo” já havia apontado a existência de um gabinete paralelo no MEC, sob o comando dos pastores. Nesta sexta-feira (25), a Polícia Federal abriu um inquérito para apurar a atuação de pastores na liberação de verbas no Ministério da Educação.

    A PF vai investigar suspeitas apontadas em um relatório da Controladoria-Geral da União sobre distribuições de verbas do FNDE (Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação).

    Na quinta-feira (24), a ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia autorizou, na quinta (24), que a PGR (Procuradoria-Geral da República) abra um inquérito sobre o ministro Milton Ribeiro.

    Serão apuradas suspeitas de corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa. Na quarta (23), em entrevista exclusiva à analista da CNN Renata Agostini, Milton Ribeiro negou que Bolsonaro tenha feito pedido para que a pasta favorecesse a dupla de pastores recebidos no MEC. O ministro também revelou que pediu à Controladoria-Geral da União (CGU), por meio do ministro Wagner Rosário, que apurasse uma possível prática ilegal.

    O que dizem o ministro e os pastores

    À CNN, Milton Ribeiro negou que Bolsonaro tenha pedido para favorecer pastores e diz que não deixará o cargo. Em entrevista exclusiva à analista da CNN Renata Agostini, na noite de ontem (23), o ministro admitiu que o presidente chegou a pedir para que a pasta da Educação recebesse líderes evangélicos, mas garantiu que liberação de verbas segue “critérios técnicos”.

    CNN procurou os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos. Em suas redes sociais, Santos publicou uma nota na quarta-feira (23) em que diz que as reportagens envolvendo seu nome são “acusações levianas” e que “nunca houve de minha parte interferência nas relações institucionais do MEC”. Moura ainda não respondeu.