Bolsonaro e Valdemar se reúnem para debater reorganização da campanha
Discussão ocorre no momento em que as pesquisas apontam a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer no primeiro turno
O presidente Jair Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, se reuniram no começo da tarde desta terça-feira (7) no palácio do Planalto para discutir uma reorganização da campanha à reeleição em um momento em que as pesquisas apontam a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer no primeiro turno. A informação foi confirmada pela cúpula da campanha.
Um dos focos principais é a comunicação. Há avaliação do comando é de que há muitos ruídos nesta área e de que é preciso equacionar o que diz o governo com o que diz a campanha. Por essa razão, o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten deverá integrar a campanha. A informação foi confirmada à CNN pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), mas interlocutores de Wajngarten dizem ainda não ter nada acertado.
A campanha enfrenta divergências internas que a cúpula tenta equalizar. Basicamente, há um grupo que defende a profissionalização, tese liderada por Valdemar, pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), e pelo senador Flávio Bolsonaro. Eles avaliam que a campanha de 2022 deve ser distinta da de 2018. Principalmente porque há quatro anos de governo a serem vendidos para o eleitorado.
Mas há quem defenda que a estratégia deve ser mais intuitiva e com muito foco em redes sociais, como a vitoriosa campanha de quatro anos atrás. Avaliam que Bolsonaro não deve ceder ao marketing político. Quem lidera esse pensamento é Carlos Bolsonaro (Republicanos).
Entre essas duas teses, há outros problemas a serem resolvidos. Por exemplo, organizar os diversos focos de comunicação que não dialogam entre si. Integrantes da campanha citaram à CNN que a comunicação do Palácio do Planalto é distinta da dos ministérios que por sua vez não se comunica com os responsáveis pelo marketing do PP e do PL. E de quebra todo esse organograma não tem uma organicidade com a própria estratégia pessoal de Bolsonaro, que costuma falar por improviso.
Nesse sentido, em recente reunião no Planalto foi avaliado que a estratégia de comunicação da campanha e do governo falharam em todas as recentes crises: o assassinato de Genivaldo de Jesus por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), as mortes pelas enchentes em Pernambuco, o desaparecimento de um jornalista e um indigenista na Amazônia –ainda sem solução– e o encontro de Bolsonaro com Joe Biden, previsto para ocorrer nesta quinta-feira (8). A leitura foi a de que em todos esses casos o governo perdeu em termos de comunicação.
Mas os ajustes não param por aí. No encontro com Bolsonaro, Valdemar tratou sobre alguns resultados de pesquisas qualitativas internas do PL que apontam que Bolsonaro perde apoio quando o discurso eleitoral é focado no ataque à urna eletrônica e ao processo eleitoral. Os levantamentos apontam que isso demonstra fragilidade eleitoral do presidente e acabam por afastar votos em potencial.
As pesquisas internas do PL também mostraram que o Auxílio Brasil é a principal realização de Bolsonaro nas pesquisas, seguida da transposição do rio São Francisco.
Mas detectaram aí um problema: boa parte dos entrevistados as consideram realizações do ex-presidente Lula. Os levantamentos também mostram a necessidade de incrementar a presença da primeira-dama Michelle Bolsonaro a entrar mais na campanha para tentar reverter votos na faixa em que Bolsonaro mais tem dificuldades: o voto feminino.
Os militares também deverão ganhar um assento no comitê da campanha. Valdemar defende que o provável candidato a vice, general Braga Neto, integre o colegiado. Até agora, ele não entrou no grupo, tendo designado um assessor para participar dos encontros.