Bolsonaro é primeiro presidente a perder disputa à reeleição
Desde 1997, quando emenda da reeleição foi aprovada, FHC, Lula e Dilma foram conduzidos a segundo mandato; em 2018, Temer não tentou se reeleger
O presidente Jair Bolsonaro (PL) é o primeiro ocupante do cargo a sair derrotado na tentativa de se reeleger à Presidência. O atual chefe do Executivo não conquistou a maioria dos votos válidos no segundo turno da disputa, realizado neste domingo (30). Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou a vantagem da primeira etapa da disputa e saiu com a vitória.
Desde que a reeleição passou a valer, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), na eleição de 1998, todos presidentes que tentaram um segundo mandato foram bem sucedidos. A emenda da reeleição também permitiu a prefeitos e governadores concorrerem a um segundo mandato no cargo.
Bolsonaro não conseguiu superar a rejeição ao seu nome nas urnas. Durante seu governo, a economia brasileira sofreu com os impactos da pandemia de Covid, que provocou quase 700 mil mortes, e da entre guerra entre Rússia e Ucrânia, que contribuiu para elevar os preços de commodities, como combustíveis e alimentos. O mandato do presidente também foi marcado por críticas às instituições e ao sistema eleitoral.
Antes dele, FHC foi reeleito em 1998, Lula em 2006 e a ex-presidente Dilma em 2014. O então presidente Michel Temer (MDB) não tentou um segundo mandato em 2018.
FHC se tornou o primeiro a ser reeleito ao vencer a disputa à Presidência de 1998 ainda em primeiro turno, com 53,06% dos votos válidos. À época, Lula ficou na segunda colocação, com 31,71%. Quando conquistou a Presidência pela primeira vez, em 1994, FHC também foi eleito no primeiro turno.
Em 2006, foi a vez de Lula se reeleger. O petista derrotou o então adversário Geraldo Alckmin (à época, no PSDB). A vitória ocorreu no segundo turno, por 60,83% dos votos válidos a 39,17%. Neste domingo, Alckmin foi eleito vice-presidente na chapa de Lula.
A então presidente Dilma Rousseff (PT) foi reeleita em 2014, após vencer Aécio Neves (PSDB), em um pleito acirrado.
A candidata Marina Silva (à época no PSB) chegou a empatar com Dilma nas pesquisas de intenção de voto a menos de dois meses do pleito. No entanto, a ex-ministra do meio-ambiente perdeu força, e o segundo turno foi decidido entre a petista e Aécio.
Dilma venceu por 51,64% a 48,36% no primeiro turno. A então presidente sofreu impeachment em 2016 e não concluiu seu segundo mandato.
Temer não tentou reeleição
Michel Temer assumiu a Presidência em 2016, após o impeachment de Dilma. O emedebista, no entanto, não se candidatou à reeleição em 2018. O candidato apoiado por Temer naquela eleição, Henrique Meirelles (à época no MDB), ficou na sétima posição do pleito, com 1,20% dos votos válidos.
Bolsonaro não liderou pesquisas
Bolsonaro foi ainda o primeiro candidato à reeleição ao Planalto que não chegou a liderar as pesquisas de intenção de voto durante a campanha e pré-campanha.
Antes da pré-campanha, ainda em 2021, o presidente chegou a liderar o levantamento XP/Ipespe de março. A projeção indicava que Bolsonaro tinha 27% das intenções de voto, e Lula, 25%. Foi a primeira sondagem após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) restabelecer os direitos políticos do petista.
No mês seguinte, no entanto, o ex-presidente ultrapassou o atual presidente e, desde então, ambos permanecem nas respectivas posições na série histórica do Ipespe.
Durante todo 2022, Datafolha, Atlas, Ipec, Ipespe e Quaest não projetaram em nenhuma rodada Bolsonaro à frente de Lula.
Fotos – as imagens do segundo turno da eleição presidencial
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