Bolsonaro diz à PF que não mandou ninguém falsificar ou inserir dados no ConecteSUS, revelam fontes
Depoimento do ex-presidente durou três horas e meia; ele deixou o prédio da Polícia Federal por volta das 18h
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, em depoimento à Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (16) que não pediu a ninguém para falsificar cartões de vacinação contra Covid-19 para ele, nem para inserir dados no ConecteSUS em seu nome, segundo fontes.
O depoimento de Bolsonaro à PF durou três horas e meia, a oitiva mais longa do ex-mandatário até agora. Ele chegou no prédio por volta de 13h30, mas o depoimento só começou às 14h.
O ex-presidente deixou o local pouco antes das 18h, sem falar com a imprensa. Estava acompanhado dos advogados Fábio Wajngarten, Paulo Cunha Bueno e Daniel Tesser.
O ex-presidente negou, mais uma vez, que tenha se vacinado e, por conta disso, sequer teria cartão de vacina. Ele repetiu que não tem conhecimento de nenhuma fraude no sistema do Ministério da Saúde em seu nome.
Segundo fontes, Bolsonaro transferiu a responsabilidade aos seus auxiliares, mas sem culpá-los diretamente.
O depoimento terminou por volta de 17h30, e ficaram até às 18h finalizando o processo e relendo as declarações.
A Polícia Federal também deve chamar Michelle Bolsonaro para depor. Ela também é investigada nesse inquérito e deve ser chamada para responder perguntas sobre a fraude em cartões de vacina e também sobre os pagamentos que teriam sido feitos por outras pessoas em seu nome.
Operação Venire
A Polícia Federal prendeu, em 3 de maio, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, em Brasília. Max Guilherme e Sérgio Cordeiro, assessores de Bolsonaro que trabalhavam no Planalto, também foram presos. O secretário municipal de governo da cidade de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, também foi alvo de prisão preventiva.
O celular do ex-presidente foi apreendido.
As ações fazem parte da Operação Venire, que investiga a prática de crimes na inserção de dados falsos sobre vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde (sistemas SI-PNI e RNDS).
A CNN apurou que a cidade de Duque de Caxias se envolve na investigação porque um dos registros encontrados no sistema da Saúde sobre a vacinação de Bolsonaro foi feito em um posto de saúde do município fluminense. Nesse posto, houve um registro de que o ex-presidente teria se imunizado contra a Covid-19 no local, e a investigação apontou que era um dado adulterado.
Ainda no âmbito do inquérito, Mauro Cid será chamado para depor na quinta-feira (18) e a mulher dele, Gabriela Santiago Ribeiro Cid, na sexta-feira (19). Cid trocou de advogado na semana passada. Saiu Rodrigo Roca e assumiu Bernardo Fenelon. No primeiro depoimento, Cid ficou em silêncio.
*Publicado por Fernanda Pinotti, com informações de Elijonas Maia, da CNN, em Brasília