Bolsonaro conversa com Pazuello para ‘ajustar’ discurso sobre vacina
Presidente surpreendeu ao afirmar que não irá adquirir a vacina chinesa da Coronavac
O presidente Jair Bolsonaro conversou com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na manhã desta quarta-feira (21), para “ajustar” o discurso em relação à vacina Coronavac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, vinculado ao governo de São Paulo.
Em postagens nas redes sociais hoje pela manhã, Bolsonaro informou que sua decisão foi de não comprar a vacina chinesa. O anúncio foi feito horas após o Ministério da Saúde comunicar, na tarde desta terça-feira (20), que o governo brasileiro compraria 46 milhões de doses da vacina.
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Embora as postagens tenham surpreendido auxiliares de Pazuello e sido vistas como uma desautorização de Bolsonaro ao auxiliar, outros ministros do núcleo político do governo e assessores presidenciais ouvidos pela CNN negaram mal-estar entre o presidente e o titular da Saúde.
“Presidente está com Pazuello. Ele falou com Pazuello hoje duas vezes. Estão só ajustando. Mas não teve estresse. Ele adora o Pazuello”, afirmou à coluna um ministro da ala política. As conversas teriam sido por telefone, enquanto o presidente viajava de Brasília para São Paulo.
Segundo auxiliares presidenciais, o presidente já tinha conversado com Pazuello na segunda-feira (19), quando cobrou clareza sobre a não obrigatoriedade da vacinação e deixou claro que não queria anúncio de compra de vacinas ainda não aprovadas pela Anvisa.
“O povo brasileiro NÃO SERÁ COBAIA DE NINGUÉM (sic). Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem”, escreveu Bolsonaro no Facebook nesta quarta-feira, chamando o imunizante de “vacina chinesa de João Doria”.
Auxiliares presidenciais ressaltam que o presidente não gostou da forma como o Ministério da Saúde anunciou a compra da vacina. “Deu a entender que o governo brasileiro iria apostar tudo na vacina chinesa, antes de ela sequer estar autorizada”, disse à coluna um ministro do governo.
Com suspeita de Covid-19, Pazuello cancelou toda sua agenda presencial do resto da semana. Ele aguarda resultado do teste para a doença e, enquanto isso, seguirá despachando do hotel de trânsito dos oficiais do Exército de Brasília, onde mora na capital federal.