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    Aziz: imputações do relatório final da CPI são técnicas, não políticas

    Presidente da CPI disse que não há "mal estar" entre senadores após vazamento do texto e nega contato com Bolsonaro

    Basília RodriguesLudmila CandalGiovanna Galvanida CNN

    em Brasília e São Paulo

    No último dia de depoimentos da CPI da Pandemia, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou em entrevista à CNN nesta terça-feira (19) que o relatório final do grupo está baseado em imputações e sugestões técnicas, e não em cálculos políticos.

    As declarações de Omar Aziz vêm após o vazamento de trechos do relatório – incluindo a seção de indiciamentos, na qual 72 nomes, incluindo o do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), possuem algum tipo de responsabilização perante as investigações sobre omissões na pandemia de Covid-19.

    “As imputações são técnicas, não estamos discutindo pensamento político de partidos”, disse Aziz. “[O relatório] será aprovado, enviado para o colegiado e encaminhado aos órgãos competentes para que aprofunde as investigações e traga punição daqueles que participaram dessa chacina da população brasileira”.

    Para o senador, não importa a quantidade de crimes apontados para determinadas figuras, mas sim os “fatos que comprovam o que aconteceu”. No entanto, Aziz afirma que ainda deverão ser debatidos pontos do texto final, recebido por ele na noite de ontem, segundo disse, para alinhar ajustes finais.

    Mesmo com o vazamento, o senador negou que exista um “mal estar” entre os senadores e disse que não irá pedir para que nada seja retirado do texto, mas sim acrescentado, se for o caso. “Vou ver se tem coisas que não foram colocadas e que foram investigadas”, declarou.

    “Nada disso vai impedir que a CPI conclua seus trabalhos e que se vote um relatório conciso, com provas, e com pessoas que deixaram de fazer, prevaricaram e cometeram crimes que levaram a 600 mil mortes”, afirmou.

    Na entrevista à analista Basília Rodrigues, Omar Aziz também negou que tenha tido contato com o presidente Bolsonaro no fim de semana, conforme foi veiculado por um veículo de imprensa, para tratar do texto final da comissão.

    “Nunca tive nenhum contato com presidente, nunca falei com ele. Nunca pedi pra marcar audiência com presidente”, disse.

    “CPI já deu e vai dar muitos resultados”

    Questionado sobre a apresentação de outros relatórios paralelos, como proposto pelos senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Eduardo Girão (Podemos-CE), Aziz disse não achar que exista “algo muito conciso” do grupo mais alinhado ao governo federal e afirmou apoiar aprofundamento de investigações nos estados – como no Amazonas, sua terra natal.

    O presidente da comissão também rejeitou o senso comum de que os trabalhos terminariam “em pizza”, expressão utilizada para criticar a falta de resultados práticos das ações políticas.

    “Sem a CPI, não chegaríamos a esse número de vacinados. Estaríamos patinando. Tivemos a exposição das estranhas daqueles que esperavam salvar o povo brasileiro com imunização de rebanho e tratamento precoce”, declarou.

    Como exemplo, Aziz citou apurações envolvendo o aplicativo TrateCov, que recomendava automaticamente remédios sem eficácia, e as tentativas de contato ignoradas da farmacêutica Pfizer com o governo federal para a aquisição de vacinas. Aziz também mencionou a recente criação da CPI da Prevent Senior pela Câmara dos Vereadores de São Paulo.

    “Divergências pontuais não tiram o foco. A cada dia que passa, o numero de óbitos está diminuindo. O maior objetivo é que não nos permitamos que, se acontecer de novo uma pandemia, o governante de plantão não tome atitudes erradas e criminosas contra o povo brasileiro. [A CPI] já deu, está dando e dará muito mais resultados”.