Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Eleições 2022

    Aviso aos navegantes

    Governo do presidente Biden mostra que dificilmente tolerará um golpe de Estado no Brasil

    Boris Casoy

    Os elogios do governo dos Estados Unidos ao sistema eleitoral brasileiro vão muito mais longe do que um simples reconhecimento da eficiência e segurança das máquinas a serem utilizadas no pleito. Os americanos não pouparam palavras para dar seu aval à eleição presidencial no Brasil.

    Mais do que palavras, são sinais claros de apoio à democracia no país num momento em que a retórica do presidente Bolsonaro indica para muitos um movimento em direção ao autoritarismo.

    O interesse e só o interesse preside as relações internacionais. Muitos desses interesses permanecem menos visíveis por obedecerem a uma construção estratégica de longo prazo.

    As grandes potências, pela posição política e econômica que alcançaram no planeta, guiam-se por princípios pragmáticos, se possível disfarçados de atos de desprendimento benevolente. A história está aí para dar exemplos dessa conduta.

    Os sinais americanos emitidos através dos elogios ao sistema eleitoral brasileira são um aviso de apoio à democracia. Portanto, a governo do presidente Biden mostra que dificilmente tolerará um golpe de Estado no Brasil.

    É evidente que se as regras do jogo forem desrespeitadas não se imagine uma ação armada. Há outros instrumentos eficientes, de caráter econômico, para dizer “não”.

    Não seria crível qualquer tipo de conversão do governo brasileiro; isso poderia desencadear indesejados efeitos de demonstração para outros países que hoje, mais ou menos intensamente, atendem à liderança do bloco ocidental de nações.

    Um exemplo desse tipo de atitude está óbvio na posição americana em 1964, quando o governo João Goulart parecia emitir sinais de que poderia mudar de rumos no quadro da Guerra Fria. Sem qualquer pudor, os Estados Unidos se engajaram no movimento civil-militar que derrubou o presidente da República.

    Naquele momento, os interesses convergiam. Militares e boa parte do PIB brasileiro estavam de acordo na construção de um regime temporário que poderia conduzir o país a um destino, na visão deles, melhor. Para isso havia um projeto claro de poder e de desenvolvimento.

    Hoje, não há projeto nem convergência. E mais, as Forças Armadas em sua maioria absoluta não buscam uma solução extralegal. Não só pela falta de projeto, como pelos resultados registrados para a instituição pela história na intervenção de 1964.

    Em suma: apesar dos rumores, retórica e supostos movimentos anômalos, não há condições objetivas para aventuras autoritárias. É isso que os fatos hoje indicam, ou seja, votação e posse do eleito.

    Tópicos