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    Avança no Senado projeto que estabelece marco temporal para demarcação de terras indígenas

    Projeto é polêmico e sofre resistência da base governista desde a aprovação na Câmara dos Deputados

    Relatora do projeto de lei, Soraya Thronicke rejeitou todas as dez emendas sugeridas
    Relatora do projeto de lei, Soraya Thronicke rejeitou todas as dez emendas sugeridas Geraldo Magela/Agência Senado

    Luciana Amaralda CNN

    Brasília

    A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado aprovou, nesta quarta-feira (23), o projeto de lei que estabelece o marco temporal para a demarcação de terras indígenas.

    O texto prevê que, para ser considerada terra indígena, povos indígenas terão que comprovar que a área era habitada até 5 de outubro de 1988, quando foi promulgada a Constituição.

    Trata ainda de outros pontos como a permissão pra atividades econômicas em terras indígenas e a determinação que o usufruto dos índios não se sobrepõe ao interesse da soberania nacional.

    O projeto é polêmico e sofre resistência da base governista desde a aprovação na Câmara dos Deputados. Governistas contra afirmam que o texto representa um “retrocesso e ataque aos direitos dos povos indígenas”.

    O líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES), disse que o projeto é uma “violação” aos direitos indígenas. O PT apresentou três emendas ao projeto nesta terça (22).

    A relatora Soraya Thronicke (Podemos-MS) chegou a estudar a possiblidade de incluir no texto valores e formas de indenização aos produtores rurais. Mas, por causa das divergências e da pressa para aprovar o projeto, isso foi deixado de lado e o texto continua o mesmo da Câmara.

    Ela rejeitou todas as 10 emendas sugeridas. Isso para que o texto não volte pra análise dos deputados federais.

    Uma ala de senadores defende que o projeto seja aprovado pelo Congresso antes de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o assunto. No Supremo, o julgamento foi interrompido depois de um pedido de vista do ministro André Mendonça. A previsão é que seja retomado em setembro.

    Para parte dos senadores, o Congresso tem que legislar sobre o assunto e não deixar isso a cargo do Judiciário. O projeto foi apresentado no Congresso em 2007 — há 16 anos.

    O presidente da comissão, senador Alan Rick (União Brasil-AC), disse que a demarcação de terras indígenas já foi amplamente debatida e que é preciso dar uma “resposta” à sociedade.

    A senadora Soraya Thronicke tinha apresentado o parecer dela na semana passada. Logo depois, um senador do PT, Beto Faro (PA), pediu mais tempo pra analisar o assunto. Pelo acordo fechado entre integrantes da comissão, o tema seria votado nesta quarta. Nesta semana, Thronicke conversou com a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.

    Antes da votação desta quarta, houve uma audiência pública com a presença da presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joênia Wapichana. Ela disse que a demarcação ajuda na proteção e segurança aos indígenas.

    Wapichana também defendeu que o projeto passe pelas comissões de Meio Ambiente e Direitos Humanos do Senado antes de chegar ao plenário.

    Agora que foi aprovado na Comissão de Agricultara, o texto deve passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Mas os ruralistas, com o apoio da Frente Parlamentar da Agropecuária, articulam para que seja votado direto pelo plenário do Senado, apurou a reportagem.