Presidente da AMB vê como positivas mudanças na Justiça e na PF
Para a presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, Renata Gil, André Mendonça é "técnico e respeitado", e "não há nada de desabonador" sobre Ramagem
A presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Renata Gil, avaliou, em entrevista à CNN, nesta terça-feira (28), que é positiva a mudança no Ministério da Justiça e Segurança Pública, cujo comando foi passado para as mãos de André Mendonça, ex-advogado-geral da União, após a demissão do ex-juiz federal Sergio Moro na última sexta-feira (24).
“Nós avaliamos como positiva. O ministro André é bastante técnico, respeitoso e respeitado, além de conhecer bem o sistema de Justiça, já atuar no Judiciário e transitar bem”, disse a presidente da AMB. “Então, nós temos tranquilidade em como o ministro vai tocar essa pasta tão importante, que trata das políticas públicas da justiça brasileira com bastante responsabilidade”.
Perguntada sobre a nomeação de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), como diretor-geral da Polícia Federal (PF), Renata destacou o lado técnico e a carreira dele na corporação, e minimizou a questão política em relação a escolha do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Foi escolhido para a inteligência do governo [Abin] por certo por suas habilidades técnicas, e não há nada de desabonador na sua conduta”, afirmou.
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A presidente da AMB disse saber que indicações para funções do tipo “têm um conteúdo político sempre”, mas ponderou que “o que não pode haver é falta de qualidade técnica para ocupar o cargo”. “E isso me parece que Ramagem tem”, afirmou.
Criticado nas redes sociais por ter escolhido Ramagem, Bolsonaro se defendeu e respondeu a uma seguidora no último domingo (26). “E daí? Antes de conhecer meus filhos eu conheci o Ramagem. Por isso deve ser vetado? Devo escolher alguém amigo de quem?”, questionou o presidente.
A escolha de Ramagem para a PF está sendo questionada na Justiça. O PDT entrou com mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) citando a proximidade do delegado com a família Bolsonaro.
O MBL (Movimento Brasil Livre), por sua vez, apresentou à 6ª Vara Federal Cível da Justiça Federal do DF uma ação para a anular a nomeação de Ramagem por considerar que “atenta mortalmente contra a moralidade administrativa, a probidade, as instituições democráticas, a pátria e contra o povo desta nação.”