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    Assista à íntegra da entrevista de Lula a Christiane Amanpour, da CNN

    Presidente abordou ataque às sedes dos Três Poderes, processos contra Bolsonaro, guerra na Ucrânia e mais

    Tiago Tortellada CNN

    em São Paulo

    O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), concedeu entrevista exclusiva a Christiane Amanpour, da CNN, nesta sexta-feira (10). Ele está nos Estados Unidos, onde se reuniu com Joe Biden e outros políticos americanos.

    Durante a entrevista, Lula abordou diversos temas, desde o ataque às sedes dos Três Poderes, processos contra Jair Bolsonaro (PL), guerra na Ucrânia, divisão política em ambas as nações e compromisso com o meio ambiente.

    Assista à íntegra no vídeo destacado acima e saiba dos principais pontos no texto abaixo.

    Divisão política

    Perguntado sobre a política brasileira e como fazer para unir o país, Lula afirmou que deve governar para todos, mesmo para aqueles que não votaram nele.

    Além disso, pontuou que não acreditava que o Brasil e os EUA pudessem ser alvo de ataques contra a democracia como os realizados em 6 de janeiro de 2021, no Capitólio, e em 8 de janeiro de 2023, em Brasília.

    “Aqui também há uma divisão, muito mais ou tão séria quanto o Brasil — democratas e republicanos estão muito divididos. Ame ou deixe-o, é mais ou menos isso que está acontecendo”, avaliou.

    Mesmo assim, ressaltou acreditar que nem todos aqueles que votam em Bolsonaro são bolsonaristas. Lula classificou, então, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como “cópia fiel” de Donald Trump.

    Ataque aos Três Poderes

    O presidente brasileiro também disse a Amanpour que tem a impressão de que forças de segurança que atuavam em 8 de janeiro estavam comprometidas com o ataque às sedes dos Três Poderes.

    “Olha, eu posso te garantir que a impressão que eu tenho é que todas as forças que tinham que cuidar da segurança de Brasília estavam comprometidas com o golpe”, apontou Lula, acrescentando que foi necessário decretar intervenção federal na segurança pública de Brasília.

    Ainda de acordo com o chefe de Estado, o Exército protegeu os acampamentos de bolsonaristas que pediam golpe. Assim, trocou o comandante de Brasília para outro que fosse “legalista” e que soubesse “cumprir aquilo que está definido na Constituição para as Forças Armadas“.

    O petista reforçou que as Forças Armadas “não devem se envolver em política”, sendo seu papel a defesa do povo brasileiro, da soberania e contra possíveis ataques externos. “É esse o papel delas, e nada mais”, pontuou.

    O presidente destacou que as instituições estavam preparadas para lidar com a tentativa de golpe e que estão comprometidas com o processo democrático, assim como a sociedade civil.

    Processos contra Bolsonaro

    Perguntado se pediria extradição de Bolsonaro para o Brasil — o ex-presidente foi para os Estados Unidos antes do final do mandato, onde está até hoje –, Lula disse que isso cabe à Justiça brasileira.

    Ainda assim, ressaltou que “um dia” terá de retornar ao país e enfrentar os processos que recaem contra ele.

    “Ele [Bolsonaro] já tem praticamente 12 processos lá no Brasil e vai ter mais processos. Eu acho que em algum momento ele vai ser condenado de alguma corte internacional sobre a questão do genocídio por conta da Covid“, pontuou Lula, acrescentando que metade das mortes pela doença no país aconteceram por “irresponsabilidade do governo”.

    “De qualquer forma, um dia ele vai ter que voltar ao Brasil e ele vai ter que enfrentar todos os processos que tenho movido contra ele”, destacou.

    Além disso, o chefe de Estado cobrou uma punição pelo que classificou como genocídio contra o povo Yanomami, pois Bolsonaro teria incentivado garimpeiros ilegais a poluírem as águas, por exemplo.

    Presunção de inocência

    Entretanto, Lula disse que trabalha com a ideia de que todos têm direito à “presunção de inocência”, e que Jair Bolsonaro tem o direito de se explicar à Justiça brasileira, sendo julgado de acordo com a lei.

    “Ele tem o direito de ser julgado da forma mais democrática possível, da forma que eu não fui. Eu quero para ele a presunção de inocência que eu não tive”, complementou.

    Meio Ambiente

    Um dos pontos abordados por Christiane Amanpour foi a proteção do meio ambiente. Sobre isso, Lula observou que o novo governo está comprometido com o tema e ressaltou a meta de acabar com o desmatamento até 2030.

    “O compromisso nosso com a questão climática não é mais um compromisso teórico, de eleição, não. É um compromisso de ser humano que vive num planeta que foi cuidado”, advertiu.

    Ele avaliou ainda que é necessário conversar com prefeitos e governadores e premiar aqueles que garantirem o fim das queimadas e do “desmatamento desnecessário”

    “Ao invés de você punir, você incentiva, premia ele com alguma ajuda do governo federal para que ele se sinta motivado a ser participante das atitudes do governo”, pontuou.

    Bolsonaro não tem “chance de voltar à Presidência”, diz Lula

    Em outro ponto da entrevista, Lula afirmou que Bolsonaro “não tem nenhuma chance de voltar a Presidência da República. Agora vai depender da nossa capacidade de construir a narrativa correta do que ele representou para o Brasil, porque essa extrema-direita está no mundo inteiro”.

    Guerra na Ucrânia

    Na opinião do presidente do Brasil, a invasão russa foi um equívoco, mas negou novamente enviar munições à Ucrânia, como foi requisitado pela Alemanha.

    “Lógico que ela [a Ucrânia] tem o direito de se defender. Lógico que ela tem o direito de se defender até porque a invasão foi um equívoco da Rússia”, disse.

    O petista explicou que, em sua avaliação, enviar as munições seria como entrar na guerra, ressaltando que é necessário, na verdade, criar um grupo de países para negociar a paz.