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    Eleições 2022

    Arthur Lira e Renan Calheiros discutem pelo Twitter em novo capítulo de rivalidade em Alagoas

    Presidente da Câmara e ex-presidente do Senado são figuras influentes na política alagoana

    Os políticos alagoanos Arthur Lira e Renan Calheiros
    Os políticos alagoanos Arthur Lira e Renan Calheiros Foto: Agência Câmara e Agência Senado

    Gabriela Ghiraldelli, Salma FreuaLeonardo RodriguesHenrique Andradeda CNN em São Paulo

    O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), e o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (MDB) — ambos representantes do estado de Alagoas — voltaram a trocar acusações públicas.

    No Twitter, nesta segunda-feira (23), Calheiros relacionou Lira ao “orçamento secreto” e acusou o presidente da Câmara de querer “bater a carteira de governadores e prefeitos”.

    O deputado respondeu horas depois, ironizando a acusação do senador e citando seu filho, Renan Filho (MDB), que renunciou ao governo de Alagoas em abril para disputar uma vaga no Senado nas eleições deste ano.

    “Renan Calheiros falando em honestidade é a maior piada que existe. Isso é pra desviar (algo que RC sabe fazer) a atenção da enxurrada de denúncias que vão aparecer do governo do filho. Aguardem!”, escreveu Lira.

    Pouco depois, Calheiros voltou a citar o presidente da Câmara na rede.

    “Arthur Lira é o dono da chave do cofre do orçamento secreto que exala corrupção: ônibus, barras de ouro, robótica, caminhões de lixo etc. Além de pivete delinquente, é agressor de mulheres. O Código Penal e a Lei Maria da Penha o aguardam, de novo. #BolsolaoDoLixo #cpidomec”, afirmou o senador.

    A tensão entre Calheiros e Lira se intensificou nas últimas semanas, com a eleição indireta para o governo de Alagoas. O deputado estadual Paulo Dantas (MDB), apoiado pelo senador, venceu a disputa e ocupará o cargo até o fim do ano.

    Eleição indireta

    No dia 2 de abril, Renan Filho se desincompatibilizou do cargo de governador para poder disputar o Senado, em outubro. O vice-governador Luciano Barbosa (MDB) havia sido eleito prefeito de Arapiraca em 2020, e o presidente da Assembleia Legislativa Marcelo Vitor (MDB) não assumiu o governo do estado porque isso o impediria de concorrer à reeleição.

    Diante disso, foi convocada uma eleição indireta para 2 de maio.

    Em 29 de abril, o PSB entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender o pleito. A eleição foi adiada por 13 dias.

    No dia 15 de maio, o candidato apoiado pelos Calheiros foi eleito para o mandato tampão. Paulo Dantas (MDB) recebeu 21 votos dos 27 possíveis, tendo como vice José Wanderley Neto, seu colega de partido.

    Na segunda posição, ficaram Danúbia Barbosa e os deputados estaduais Cabo Bebeto (PL) e Davi Maia (União Brasil), com um voto cada. Apoiado por Arthur Lira, Maia não recebeu votos do partido do presidente da Câmara.

    Acusações públicas

    Desde o início de 2022, o ex-presidente do Senado citou Lira em 13 de suas publicações no Twitter. Todas as menções foram negativas. Na primeira, em 17 de março, acusa o desafeto de ter, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL), “lavado as mãos” com relação ao “caos nos combustíveis”.

    Dez das treze falas aconteceram desde 29 de abril, quando a disputa estadual chegou ao STF. Na ocasião, Calheiros acusou o presidente da Câmara dos Deputados de uma tentativa de “golpe” em Alagoas.

    O político do PP, por sua vez, não havia usado a rede para se manifestar sobre o senador neste ano até o mesmo 29 de abril, quando afirmou que Calheiros “entende bem” de dar golpes. Desde então, foram sete publicações em que citou o senador, sempre com desaprovação.

    Histórico de rivalidade

    Luciana Santana, cientista política e professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), afirma que que a rivalidade entre os dois não começou agora. “O conflito vem de antes. Tem a ver com uma disputa territorial de poder político.”

    As condições, porém, variam conforme o cenário local. “Em alguns momentos, eles estão juntos. Não é uma intriga sem nenhum tipo de trégua”, diz a professora.

    Ranulfo Paranhos, também cientista político da Universidade Federal de Alagoas, lembra um momento de aliança entre os dois. “Em 2010, quando o pai de Arthur Lira [Benedito de Lira] se elegeu senador, Renan Calheiros era seu aliado.”

    Na análise do professor, a tensão entre os dois cresceu na medida em que o presidente da Câmara se projetou no estado. “O fato de Lira formar um grupo político competitivo em Alagoas é novo.”

    A professora Luciana Santana acrescenta que, nos últimos anos, aliados de Lira têm ocupado espaços de poder em Alagoas que antes pertenciam ao PSDB e ao então PFL.

    No pleito de outubro, os Calheiros serão novamente representados por Paulo Dantas, que buscará a reeleição. Lira, por sua vez, apoia o senador Rodrigo Cunha (União Brasil) na disputa pelo Executivo estadual.

    Lira e Calheiros rivalizam também na disputa nacional. Enquanto o senador apoia a candidatura do ex-presidente Lula (PT) à Presidência, o deputado defende a reeleição de Jair Bolsonaro (PL).

    Ranulfo Paranhos afirma que isso amplia a tensão. “No governo do atual presidente, Arthur Lira assume uma posição de destaque, e Renan Calheiros a perde.”

    Fotos – Os senadores cujo mandato acaba em 2023