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    Aras: “Eu me sinto incompreendido, mas se fará justiça a mim”

    À CNN, Augusto Aras afirmou que se lançou "contra tudo e contra todos", mas avaliou que o Procurador-Geral da República não pode ser um agente político

    Teo Curyda CNN em Brasília

    O Procurador-Geral da República, Augusto Aras, disse à CNN nesta quarta-feira (17) se sentir incompreendido por parte da imprensa e de setores da sociedade a respeito das críticas feitas sobre sua gestão à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR). Aras, que pretende se dedicar a escrever livros após deixar o cargo em 2023, afirmou acreditar que haverá justiça a ele no futuro.

    “Eu me sinto incompreendido, mas a compreensão virá historicamente. Se fará justiça a mim”, pontuou o procurador-geral. Aras avalia que passou a ser atacado por ter adotado um discurso diferente dos demais candidatos ao cargo de procurador-geral em 2019. Ele foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro fora da lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República desde 2001.

    O procurador-geral considera que se tornou alvo de ataques por ter criticado os métodos utilizados pela força-tarefa da Lava Jato, por ter concorrido ao cargo por fora da lista tríplice e tê-la acusado de ser fraudada e por ter apontado vícios internos do Ministério Público, em parte considerado por ele aparelhado e anarco-sindicalista.

    “Eu sempre fui considerado um bom procurador, mas virei ruim quando virei procurador-geral da República”, brincou Aras. “Minhas turmas da faculdade eram cheias”, disse, em referência às aulas que ministrava na Universidade de Brasília. Aras atualmente é professor licenciado da UnB.

    Em um breve balanço de sua gestão, Aras disse que a PGR passou a estabelecer critérios para calcular os valores de multas para acordos de delação premiada firmados entre a instituição e investigados. Para o procurador-geral, crítico dos métodos da Lava Jato, acordos foram fechados no passado com “valores ridículos”.

    Aras também lembrou que em sua gestão dois governadores foram cassados – Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, e Mauro Carlesse, de Tocantins –, oito ministros do governo Bolsonaro foram investigados e oito inquéritos contra o presidente foram abertos no Supremo Tribunal Federal.

    “Me lancei contra tudo e contra todos. O divino quis que eu estivesse aqui”, disse Aras. De acordo com o procurador-geral, as pessoas não querem entender sua gestão à frente da PGR. “A imprensa tem medo do STF e transfere o ônus para o PGR. A imprensa vai compreender [no futuro] que a PGR cumpriu seus deveres”, avaliou.

    Aras também se defendeu de críticas tecidas contra ele por não se posicionar diante de manifestações proferidas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o processo eleitoral. Para Aras, o Procurador-Geral da República não pode ser um agente político.

    Futuro

    Em meio à indefinição que marca o início da campanha eleitoral e questionado sobre como será sua gestão em 2023, Aras afirmou que será igual à que vem sendo realizada desde 2019, quando assumiu o cargo.

    “O Aras de 2023 será igual. Cumpridor da Constituição Federal, das leis, da democracia e do Estado de Direito”, observou.

    O procurador disse que não pretende ficar mais do que quatro anos à frente da PGR. Prestes a dar início à segunda metade de seu segundo mandato, pontuou que pretende se dedicar a escrever livros ao deixar o cargo em setembro de 2023. “Existe vida inteligente lá fora”, disse.

    Aras também disse que nunca houve o desejo de ser ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e brincou que a possibilidade de haver uma vaga destinada a ele, que eventualmente seria oferecida pelo presidente Jair Bolsonaro, não existia.