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    Após decisão do STF, CPI da Pandemia muda agenda e convoca CEO da VTCLog

    A alteração foi motivada pela decisão do ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou que Ivanildo Gonçalves, motoboy da empresa, não fosse obrigado a depor

    Senadores da CPI da Pandemia em coletiva de imprensa
    Senadores da CPI da Pandemia em coletiva de imprensa Waldemir Barreto/Agência Senado

    Giovanna GalvaniNathallia Fonsecada CNN

    em São Paulo

    A CPI da Pandemia abrirá os trabalho da semana nesta terça-feira (31) com uma mudança na agenda. Em vez de Ivanildo Gonçalves da Silva, motoboy da empresa de logística VTCLog e principal expectativa para o dia, a comissão deve ouvir a CEO da empresa, Andreia Lima.

    A alteração foi motivada pela decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou que Ivanildo não fosse obrigado a depor.

    A VTCLog é responsável por fazer transporte de insumos como medicamentos e vacinas, incluindo as contra a Covid-19, para o Ministério da Saúde. Durante a pandemia de coronavírus, já transportou mais de 150 milhões de doses de vacina e entrou na mira da CPI por suspeita de irregularidades em um aditivo de R$ 18 milhões em um contrato atual com a pasta.

    Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), responsável pelo requerimento de convocação do motoboy – que, apesar de possuir um salário em torno de R$ 2 mil, foi responsável por cerca de 5% de toda a movimentação atípica feita pela VTCLog – há chances de a empresa estar “no centro dos escândalos de corrupção” envolvendo o Ministério da Saúde.

    Ainda na segunda-feira (30), Andreia, que já possuía o requerimento de convocação aprovado, foi convidada como opção caso Ivanildo utilizasse do seu direito de não comparecer.

    No fim da noite, porém, a cúpula da comissão se reuniu e decidiu ouvir apenas a CEO nesta terça-feira. O objetivo da definição seria ganhar tempo para o recurso contra a decisão do STF.

     

    Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou que a VTCLog movimentou de forma suspeita R$ 117 milhões nos últimos dois anos. O nome de Ivanildo Gonçalves da Silva é citado várias vezes no documento, incluindo a identificação dos saques de montante milionário.

    Saques de grandes quantias em espécie não são proibidos por lei, mas entidades reguladoras anticorrupção destacam que a prática pode ser indicativo de lavagem ou desvio de dinheiro.

    Segundo Randolfe Rodrigues, a comissão também solicitou um pedido de proteção com agentes da Polícia Federal (PF) ao motoboy, que estaria sendo ameaçado.

    De acordo a defesa do Ivanildo, a convocação dele para a CPI foi feita de forma ilegal ao apurar ações ocorridas antes do período estipulado pela comissão. Ela também argumenta que a acusação teria como base supostamente apenas uma matéria divulgada pela imprensa.

    Empresa nega irregularidades

    A VTCLog já teve o sigilo fiscal quebrado pela CPI e enviou, após solicitação, todos os contratos e aditivos firmados com o Ministério da Saúde nos últimos anos.

    Em suas justificativas diante dos pedidos da comissão, a empresa rechaça as acusações de irregularidades ou de “tráfico de influência”.

    O último ponto surgiu após a CPI identificar horas de ligação entre a CEO da VTCLog, Andreia Lima, e o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias – acusado de pedir propina em uma negociação de compra de doses da AstraZeneca.

    Outro político que apareceu junto ao nome da empresa foi Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Por ter sido ministro da Saúde durante a gestão de Michel Temer (MDB), ele possui interlocuções na área da saúde, mas ainda não estava à frente da pasta quando o primeiro contrato com a empresa, de caráter excepcional, foi firmado.

    Em nota, a empresa afirmou que refuta “com tristeza” as suspeitas envolvendo o nome da companhia e do motoboy, “que possui mais de 12 anos de empresa e que tão somente realiza seu trabalho de forma justa e honesta”, escreveram.

    “Até o momento, tem sido desconsiderada a disponibilização da representante maior da empresa para prestar TODOS os esclarecimentos”, diz o texto.

    *Com informações da Agência Senado e do Estadão Conteúdo