Após decisão da ONU, Lula diz que “ideal seria tirar o Bolsonaro e me colocar”
Ex-presidente afirmou que medida "foi uma lavagem de alma extraordinária"
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestou, nesta quinta-feira (28), após o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgar a conclusão do julgamento apontando que o ex-juiz Sergio Moro foi parcial no julgamento dos processos contra ele no âmbito da Operação Lava Jato.
Para Lula, a melhor reparação possível seria tirar o presidente Jair Bolsonaro (PL) e colocá-lo no lugar. Entretanto, como já está no fim do mandato, ele prefere deixar para o povo decidir nas eleições deste ano. A declaração foi recebida por risadas e aplausos dos participantes no encontro com lideranças da Rede Sustentabilidade, em Brasília, onde discursava.
“A ONU deu 180 dias para que o Brasil tratasse como vai fazer a reparação. O ideal seria se pudesse tirar o Bolsonaro e me colocar para presidir o país, mas no final do mandato eu também não quero, isso vai ficar para o povo”, afirmou Lula.
A CNN entrou em contato com a Secretaria de Comunicação da Presidência para comentar a declaração de Lula e aguarda retorno.
“A outra coisa é que pedisse para a imprensa que disse que eu era ladrão tanto tempo, só um pedido de desculpa, não precisa nem se culpar. A Globo levou 30 anos para pedir desculpa por não cobrir a questão das eleições da campanha das Diretas. Eu só queria que falasse o seguinte: ‘presidente Lula nós fomos enganado pelo Moro, nós fomos enganados pelo [Deltan] Dallagnol, então só queria pedir desculpa, nunca mais nós faremos isso’. Não mintam sem ter certeza do que estão falando”, continuou.
Então, hoje eu estou alegre. Essa decisão da ONU para mim foi uma uma lavagem de alma extraordinária
Luiz Inácio Lula da Silva
Moro foi o responsável pela sentença que condenou Lula, em 2017, a 9 anos e 6 meses de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, relativo ao processo que investigou a compra e reforma de um apartamento tríplex no Guarujá (SP). No ano seguinte, em janeiro, sua pena foi aumentada para 12 anos pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
Entretanto, a sentença foi anulada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), por entender que os casos não deveriam ter tramitado na Justiça Federal do Paraná, responsável por julgamentos da operação Lava Jato. A decisão foi acatada pelo plenário da Suprema Corte, em abril do ano passado, por 8 votos a 3. O ex-juiz também foi considerado parcial no caso por 7 votos a 4.
Em coletiva de imprensa nesta quinta (28), o advogado de Lula, Cristiano Zanin, afirmou que a defesa do ex-presidente agora aguarda como o governo brasileiro irá se posicionar em relação ao julgamento.
“Hoje, a bola está com o governo brasileiro, que tem que responder em até 180 dias como irá reparar os danos causados ao ex-presidente Lula e como irá evitar que outros cidadãos sejam submetidos às mesmas violações impostas ao Lula”, disse Zanin.
Em nota à CNN, Moro diz que o comitê se baseou em um “grande erro” do STF e relembra a condenação do petista por três instâncias.
“Após conhecer o teor do relatório de um Comitê da ONU e não dos órgãos centrais das Nações Unidas, pode-se perceber que suas conclusões foram extraídas da decisão do Supremo Tribunal Federal do ano passado, da 2ª turma da Corte, que anulou as condenações do ex-Presidente Lula”, diz trecho da nota.
No evento, Lula ainda reafirmou estar de volta para se candidatar à Presidência e querer “provar mais uma vez e sei que não farei sozinho”.
A CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.
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(*Com informações de Kaio Teles, Carolina Figueiredo e Rafaela Lara, da CNN)