Após aprovação de texto-base, deputados divergem sobre a PEC dos Precatórios
No CNN Dois Lados, Ricardo Barros (PP-PR) e Bohn Gass (PT-RS) debateram pontos da proposta que tramita na Câmara dos Deputados
Durante a madrugada desta quinta-feira (4), a Câmara dos Deputados aprovou, em primeiro turno, o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios por 312 votos a 144 contrários.
Contrário ao texto, o deputado federal Bohn Gass (PT-RS) afirmou que a PEC excede o teto de gastos e trata-se de uma manobra eleitoreira do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Membros do governo argumentam que a aprovação da PEC abriria espaço no orçamento para a criação do novo programa social, Auxílio Brasil, que substitui o Bolsa Família.
“Essa não é a PEC do Auxílio. Essa é a PEC que aumenta em R$ 100 bilhões o orçamento de Bolsonaro. E 22 milhões de pessoas vão ficar fora do Bolsa Família. O projeto é contra o país porque vai dar calote. Esses votos precisamos mudar no segundo turno. Precatório é a última decisão judicial que tem de ser paga. E não será”, avaliou Bohn Gass.
Já para o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, a PEC tem compromisso com o teto de gastos.
“Essa é a PEC do Auxílio Brasil. Não entendo como a esquerda vota contra um programa desse, vota contra pensando em eleição. O pobre não pode ser penalizado por isso”, disse.
Como foi a votação
A aprovação aconteceu nesta madrugada após longa negociação entre parlamentares e foi a terceira tentativa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de colocar o texto para apreciação.
A votação foi apertada – uma PEC precisa do apoio de 308 deputados em dois turnos. O texto da PEC das Precatórios recebeu 312 votos favoráveis. Veja como votou cada deputado.
Próximos passos
Oposição e governo adotaram estratégias distintas para os próximos passos da PEC dos Precatórios. Bohn Gass diz que a oposição tentará argumentar com o PDT para que os votos dos parlamentares do partido mudem e acompanhem a oposição.
“É importante que o PDT vote com a oposição. O PDT votando conosco já resolveria a parada, mas também queremos dialogar com o PSB. Quem fez o discurso de ‘mais Brasil e menos Brasília não fomos nós, e agora temos mais Brasília e menos Brasil”, disse.
Para Barros, a estratégia é seguir trabalhando pela aprovação da PEC em segundo turno. “Vamos trabalhar, como sempre fizemos, e terça-feira votaremos os destaques e o segundo turno. Não tenho duvidas que ampliaremos nossos votos porque vai ficar claro do que estamos falando. A oposição tem medo da popularidade [de Jair Bolsonaro] subir e, por isso, vota contra o auxílio aos pobres”.
*Com informações de Murillo Ferrari e Larissa Rodrigues, da CNN; produção de Basília Rodrigues, da CNN, em Brasília