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    Eleições 2022

    Apoio de governadores tem mais efeito simbólico do que efetivo, diz professor

    Jairo Pimentel afirma que não existem evidências dentro da ciência política de que o apoio de um um governador possa trazer dividendos eleitorais para um candidato a presidente

    Gustavo Zanferda CNN

    Os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) tentam angariar apoio político para o segundo turno das eleições, que ocorrerá no dia 30 de outubro.

    Lula tem os apoios de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), terceiro e quarto colocados no primeiro turno, dos ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e outros políticos do PSDB, e de economistas ligados ao início do Plano Real, entre outros. Bolsonaro recebeu manifestações favoráveis de governadores reeleitos no Sudeste, como o de Minas, Romeu Zema (Novo), e do Rio, Cláudio Castro (PL), entre outros também.

    O professor de Ciências Políticas da USP, Jairo Pimentel, afirmou, em entrevista ao Visão CNN, que os apoios recebidos pelos presidenciáveis “têm muito mais um elemento simbólico do que propriamente trazer votos de fato”. O contrário, como aponta o professor, aconteceu no primeiro turno: o apoio do presidente alavancando governadores.

    “De uma forma geral, não existem evidências científicas de que esses apoios de fora de fato consigam transferir votos para os presidenciáveis”, ressalta. 

    “A despeito disso, também, a gente percebe que esses apoios dos governadores são meio cartas marcadas”, afirma o professor, se referindo aos políticos que apoiam presidenciáveis analisando seu próprio “curral eleitoral”. “Ou seja, [se perguntam] qual presidente foi bem no primeiro turno dentro do estado e que pode trazer maior perspectiva dentro do mercado eleitoral ao médio e longo prazo. É isso que os governadores estão olhando para poder fazer esse apoio.”

    O segundo turno das eleições

    Jairo Pimentel comentou a crença de que o segundo turno é uma nova eleição. “Existe essa máxima dentro do imaginário coletivo, quando na verdade não é bem assim”, explica. Em estudo realizado com mais de 280 eleições de segundo turno no Brasil e no exterior, onde a dinâmica de escolha eleitoral é a mesma, o professor afirma que o candidato que chegou na frente no primeiro turno venceu a eleição no segundo em 70% dos casos. 

    Com uma diferença de 6 milhões de votos, Lula fechou o primeiro turno com vantagem em relação a Bolsonaro. 

    “Obviamente que essa probabilidade de vitória do primeiro colocado depende de outros fatores, mas, se você olha para a própria mecânica dos votos que foram colocados na urna no primeiro turno, a gente percebe que duas variáveis são importantes”, afirma o professor, se referindo à distância do primeiro colocado dos 50% dos votos válidos do primeiro turno e à distância do primeiro colocado em relação ao segundo colocado.

    Lula chegou próximo dos 50%, “mas, nesta segunda variável, que é a vantagem em relação ao segundo colocado, a distância foi pequena”. “Então a gente espera, por conta disso, que o segundo turno seja bastante apertado”, avalia.