Apoiadores de Lula entram com ação contra Moro por danos na Lava Jato
Documento protocolado enumera, em 73 páginas, ações em que, para os petistas, Sergio Moro teria praticado desvio de função
Integrantes da coordenação da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apoiadores e deputados da bancada do PT no Congresso protocolaram na madrugada desta quarta-feira (27) uma Ação Popular na Justiça Federal do Distrito Federal na qual pedem a responsabilização do ex-juiz Sergio Moro por eventuais ilegalidades cometidas por ele durante a Operação Lava Jato.
No pedido, assinado por advogados do Grupo Prerrogativas, Moro deveria ressarcir o erário por danos causados ao Estado, ter reconhecida a responsabilização pessoal por atos lesivos e por ser beneficiário desses atos de condutas lesivas, além de pedir a descrição na decisão dos atos “praticados em ofensa à legalidade, à impessoalidade e à moralidade pública” na Operação Lava Jato.
No processo, que tramita na Segunda Vara Cível do Distrito Federal, PT pede reparações por supostas ilegalidades durante Lava Jato e ainda que sejam declarados os eventuais danos resultantes dessas ações do ex-juiz ao interesse público, ao erário de diversos entes de administração pública e “à integridade de agentes econômicos”, que resultou em um custo econômico e social.
Por fim, há um pedido de perícia para dimensionar as “lesões graves e irreparáveis à economia nacional e, consequentemente, ao patrimônio das pessoas jurídicas de direito público declinadas nesta petição”.
O documento protocolado enumera, em 73 páginas, ações em que, para os petistas, Moro teria praticado desvio de função ao supostamente para conter a corrupção, desde as investigações quando ocupava a função de juiz federal, em Curitiba, quando foi Ministro da Justiça e da Segurança Pública, no atual governo, até o lançamento como possível pré-candidato à Presidência.
Entre as violações citadas na peça inicial estão a condução coercitiva do ex-presidente Lula, monitoramento e divulgação de conversas telefônicas e supostas negociações com integrantes da campanha de Jair Bolsonaro, em 2018.
Como consequências, Sergio Moro pode ter o bloqueio de bens preventivo decretado pela Justiça e, em caso de sentença final, pode perder patrimônio e ficar inelegível.
Procurado, Moro informou que com esta ação popular, líderes do PT “querem perseguir quem combateu a corrupção em seu governo.”
O ex-juiz também defendeu que Lula foi julgado não só por ele: “O ex-Presidente Lula foi condenado por corrupção em três instâncias do Judiciário e pelas mãos de nove magistrados. Sua prisão foi autorizada pelo STF em março de 2018”, afirma.
“Foi uma ação institucional decorrente da corrupção descoberta na Petrobras. A empresa pertencente aos brasileiros já recuperou, aliás, R$ 6 bilhões por conta do trabalho da Lava Jato. Sobre o relatório de comitê interno da ONU, pronunciarei-me apenas quando tiver acesso ao conteúdo”.
Em abril de 2021, o STF anulou as condenações de Lula referentes a Operação Lava-Jato, permitindo que ele voltasse a ser elegível.
Veja a nota de Sergio Moro na íntegra:
“O governo do PT foi manchado pelos maiores escândalos de corrupção da história. A gestão desastrosa do PT quase quebrou a Petrobras e o país. O que prejudicou a economia e eliminou empregos foi a corrupção e não o combate a ela. Com esta ação popular, líderes do PT demonstram que não aprenderam nada, que estão dispostos a inverter os valores da sociedade e que querem perseguir quem combateu a corrupção em seu governo. É um prenúncio da perseguição que irão realizar caso ganhem as eleições, instaurando um regime autoritário e corrupto”.
(Colaborou Gabriela Prado)