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    Anúncio de obra por Lula e Alckmin em Santos leva Tarcísio a reunião de emergência no Planalto

    Encontro foi confirmado à CNN pela assessoria da Casa Civil do Planalto e não estava previsto na agenda do governador de São Paulo

    Caio Junqueirada CNN , São Paulo

    Uma grande cerimônia organizada pelo Palácio do Planalto prevista para a próxima sexta-feira (2), em Santos, levou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, a uma reunião de emergência hoje (30) no Palácio do Planalto com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e com o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

    O encontro foi confirmado à CNN pela assessoria da Casa Civil do Planalto e não estava previsto na agenda de Tarcísio.

    O motivo da reunião é que o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e parte de seus ministros participarão na manhã de sexta-feira de um grande ato de aniversário do porto de Santos, em uma cerimônia na qual estão previstos uma série de anúncios, como a retirada do Porto da relação de bens privatizáveis.

    Outro anúncio deve ser que o túnel entre Santos e Guarujá será feito pelo governo federal.

    A presença de Lula e Alckmin em Santos foi confirmada à CNN pelas suas assessorias.

    A obra para construção do túnel virou uma das principais divergências entre o Palácio do Planalto e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

    Tanto que, nesta terça-feira, Tarcísio e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, têm reunião prevista em Brasília para tratarem do assunto. Se não houver um acordo, o governador não deve comparecer ao evento de sexta em Santos.

    O túnel ligando as duas cidades tem extensão prevista de 1,7 km e é uma reivindicação antiga dos moradores da Baixada Santista. Uma vez concluído, deve beneficiar pelo menos 40 mil motoristas diariamente. Hoje o trajeto é feito por uma pista de mais de 40 km ou por balsa.

    Tarcísio quando era ministro de Infraestrutura de Jair Bolsonaro incluiu a construção como uma contrapartida da privatização do porto de Santos.

    O governo Lula barrou a privatização, e Tarcísio, na condição de governador, incluiu no início de sua gestão a obra como prioritária.

    Ele defendia, porém, um modelo para sua construção com prevalência de recursos privados via PPP com aporte de recursos federais via PAC ou BNDES.

    O governo federal inicialmente sinalizou positivamente a esse formato, mas depois passou a defender a prevalência de recursos públicos, que tem como consequência diminuir o papel do Palácio dos Bandeirantes na obra.

    Uma consultoria inclusive já foi contratada para elaborar um estudo sobre a nova modelagem. A estimativa é que o custo seja de R$ 5,7 bilhões.

    No governo federal, o evento de sexta é tratado como um dos mais importantes neste início de segundo ano de mandato.

    Além do ineditismo da obra — um túnel submarino — uma fonte relatou à CNN que “a sucessão passa pelo túnel”. Uma alusão ao potencial que a obra tem de influenciar na imagem de Tarcísio “tocador de obras”. O governador paulista é um potencial adversário do petismo em 2026.

    Além disso, dá força ao discurso para aliados de Lula que são potenciais candidatos ao Bandeirantes em 2026, como o ministro da Micro e Pequena Empresa Marcio França e o vice-presidente Geraldo Alckmin.

    De quebra, a obra é vista como algo que tem potencial de aproximar ainda mais o Republicanos do governo federal. Isso porque o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, é do partido, assim como Tarcísio. Aliados de ambos afirmaram à CNN que a exclusão de Tarcísio da obra pode ser a justificativa ideal para que ele deixe o partido.

    Em Brasília, Rui Costa tentará algum acordo com Tarcísio. Mesmo porque o governo do estado pode atrapalhar a obra, já que há o entendimento de que parte das licenças ambientais necessárias são estaduais.

    Procurado, o governador não se manifestou.

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