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    Aniversário de Marielle Franco: o que ainda está em aberto e os próximos passos das investigações

    Vereadora completaria 44 anos hoje; assassinato ainda segue em investigação e sem um desfecho

    Douglas Portoda CNN* , em São Paulo

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    Assassinada em março de 2018, a vereadora Marielle Franco completaria 44 anos nesta quinta-feira (27), em uma semana em que as investigações sobre o crime tiveram novidades.

    Revelações do ex-policial militar Élcio Queiroz, em depoimento, apontaram que Ronnie Lessa – sargento reformado que, assim como ele, está preso desde março de 2019 – foi o autor dos disparos que mataram Marielle e o motorista Anderson Gomes. Élcio também delatou a participação de um terceiro indivíduo, o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa.

    Conhecido como Suel, ele fazia “campana” seguindo os passados de Marielle, e ainda teria ajudado a esconder armas de Ronnie Lessa e levado o carro utilizado na noite do crime para um desmanche.

    O ex-bombeiro já havia sido preso, em junho de 2020, por obstrução de Justiça, acusado de atrapalhar as investigações da morte da vereadora e do motorista, mas cumpria a pena em regime domiciliar. A delação de Élcio acarretou uma nova detenção para ele.

    Entretanto, o caso segue sem a principal revelação: quem foi o mandante?

    Para o ministro da Justiça, Flávio Dino, a investigação mudou de patamar e terá como foco resolver a questão.

    “A investigação agora se conclui em relação ao patamar da execução e há elementos para um novo patamar, qual seja investigação dos mandantes do crime. Naturalmente, há aspectos que ainda estão em segredo de Justiça”, expôs Dino.

    Segundo o ministro, “é indiscutível” o envolvimento das milícias do Rio de Janeiro no caso. “Até onde vai isso, as novas etapas vão revelar”.

    VÍDEO – Análise: A atuação da PF na investigação do caso Marielle

    Novas delações

    O procurador-geral do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), Luciano Mattos, afirmou à CNN que há possibilidade de novas delações de suspeitos de envolvimento no assassinato.

    Ele destacou que a nova fase das apurações traz um “leque de oportunidades” para que elas sejam aprofundadas e tenham mais celeridade, com desdobramentos em busca de novas provas, por exemplo.

    Além disso, outros elementos da delação de Élcio ainda serão investigados e alguns permanecem sob sigilo.

    Cronologia do assassinato de Marielle Franco

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    Outros envolvidos

    Além de prenderem Suel na segunda-feira, os agentes da Operação Élpis da Polícia Federal também bateram à porta de outros seis alvos em busca de provas para enriquecer uma nova etapa da investigação.

    A PF pediu autorização judicial para vasculhar a casa de:

    • Edílson Barbosa dos Santos, o “Orelha’”;
    • Denis Lessa, irmão do ex-PM Ronnie Lessa — denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) como executor dos disparos de submetralhadora que vitimaram Marielle e Anderson –;
    • João Paulo Viana dos Santos Soares, o “Gato do Mato”;
    • Alessandra da Silva Farizote;
    • Maurício da Conceição dos Santos Júnior, o “Mauricinho”; e
    • Jomar Duarte Bittencourt Júnior, o “Jomarzinho”.

    A polícia alegou a necessidade de inspecionar os endereços desses alvos não só para entender a dimensão de suas participações no crime, mas também viabilizar a identificação de “camadas mais próximas ao núcleo do grupo criminoso”.

    “Orelha”, por exemplo, teria “picotado” o veículo usado por Ronnie Lessa e Élcio Queiroz para a emboscada e execução. O delator diz que era ele o condutor do veículo usado na noite do crime. A reportagem não conseguiu contato com os investigados.

    VÍDEO – Élcio Queiroz revela “acréscimo patrimonial” de Ronnie Lessa

    Esposa desmente Ronnie Lessa

    Elaine Pereira Lessa, esposa do policial reformado Ronnie Lessa, expôs em novo depoimento que o marido passou a noite fora de casa no dia do crime, retirando o álibi do suspeito. A CNN teve acesso à íntegra da oitiva.

    A versão da esposa pesa contra Ronnie Lessa, que havia dito à polícia, em um primeiro momento, que estava em casa no dia do crime. O novo depoimento foi prestado ao Setor de Inteligência da Polícia Federal do Rio de Janeiro em 23 de maio deste ano, cinco anos após o crime. Ela estava acompanhada do advogado.

    Elaine Lessa também afirmou aos investigadores que nunca soube do envolvimento do marido no caso e que ele nunca havia comentado com ela sobre a vereadora, até o dia da prisão. “Foi uma grande surpresa”, rechaçou.

    A CNN entrou em contato com a defesa de Ronnie Lessa que afirmou, em nota: “O depoimento dela não invalida o dele. Ele disse que o Élcio chegou à casa dele no final da tarde. Beberam e depois foram para o Bar Resenha. Ela disse que ele não estava quando ela chegou. A princípio, uma coisa não exclui a outra.”

    Veja também: Ronnie Lessa usava programa para não ser rastreado

    *Com informações de Elijonas Maia, Leandro Resende, Tiago Tortella e Thayana Araújo e do Estadão Conteúdo

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