William Waack: O encontro de Bolsonaro com a realidade política
Ex-presidente chega na quinta-feira (30) ao Brasil após período de três meses nos Estados Unidos
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve desembarcar cedo na quinta feira (30) no Brasil e já tem vários encontros marcados.
O primeiro é com a Polícia Federal (PF), que o intimou a depor já na semana que vem sobre o caso das joias sauditas.
Dessas investigações, pode resultar a inelegibilidade de Bolsonaro nas próximas eleições. Mas o principal encontro do ex-presidente é com a realidade política.
Bolsonaro desembarca no Brasil com o objetivo declarado de reunificar “a direita” –ou o que ele chama de “direita”.
Em quatro anos no poder, Bolsonaro não foi capaz de criar nenhum partido organizado, nenhum movimento constituído e nenhuma força política com claro sentido e direção –a não ser celebrar qualquer coisa que ele diga no mundo das redes sociais.
Ficou provado que esse mundo não era suficiente para levá-lo à vitória. O comportamento de Bolsonaro logo depois de perder para Lula foi o de um inconsolável político fujão, incapaz de enfrentar a realidade e as próprias responsabilidades, para dizer o mínimo.
Porém, no ambiente de polarização calcificada no qual vive hoje a política brasileira, Bolsonaro continua tendo densidade eleitoral, mesmo embolsando joias presenteadas por governos estrangeiros e associado ao golpismo das barbáries do 8 de janeiro.
Um eventual sucesso político de Bolsonaro provavelmente vai depender mais dos erros que possa cometer seu principal adversário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do que das próprias características desse tipo de líder populista.