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    Análise: Grande acordo nacional para STF e PGR suspende embate entre Poderes

    Todos os Três Poderes saíram ganhando nas indicações de Flávio Dino e Paulo Gonet e ensaiam trégua após semana de maior conflito institucional em 2023

    Caio Junqueira

    Um grande acordo nacional com o Supremo, o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional levou ao desfecho da dupla nomeação de dois dos cargos mais relevantes da República e suspendeu, menos de uma semana depois, a primeira grande crise institucional entre os três Poderes no governo Lula 3.

    Por meio dele, o Executivo atendeu ao lobby de ministros do STF e indicou o seu preferido, Paulo Gonet, para a PGR.

    Já o Legislativo sinalizou ao Executivo que os dois nomes não teriam dificuldades para serem aprovados e que a votação ocorreria ainda neste ano, algo de interesse do STF, que atua há mais de 50 dias com uma cadeira vaga. E o Judiciário sinalizou que ambos seriam bem recebidos.

    O STF amplia sua ascendência sobre o Planalto, inédita para um governo desde a redemocratização.

    Mas que se justifica: o governo conta com a Corte para aumentar seu caixa em decisões econômicas e para ajudar na estabilidade política com julgamentos favoráveis como a que flexibilizou a Lei das Estatais e abriu espaço para nomeações políticas. Isso em um momento em que a taxa de desaprovação do governo superou pela primeira vez a aprovação, conforme mostrou a pesquisa Atlas da semana passada.

    O Congresso, por sua vez, consegue nesta segunda-feira (27) de grande acomodação política pelo menos amenizar a indisposição dos ministros da Corte após a aprovação na semana passada da PEC que impõe limites ao STF.

    Nenhum deputado e senador afinal gosta de se indispor com o órgão responsável por julgar suas ações penais.

    Mas há perdedores. Um dele é o PT, que operou por Jorge Messias no STF e Antonio Bigonha na PGR.

    Perdem ainda os movimentos identitários da esquerda, que desejavam uma mulher negra para a caga no STF.

    Lula, porém, foi pragmático como sempre. Na primeira escolha, optou por seu advogado, Cristiano Zanin. Na segunda, por seu ministro da Justiça, Flávio Dino.

    A foto final que oficializou a nomeação sintetiza a escolha: nove homens brancos com os dois escolhidos.

    Outro perdedor foi a Associação Nacional dos Procuradores da República, que viu o presidente seguir Bolsonaro e sepultar a lista tríplice que havia adotado no primeiro e segundo mandato.

    O trauma da Lava Jato e de Rodrigo Janot ajuda a entender o motivo.

    A ironia na história toda é que Gonet é próximo de bolsonaristas aguerridos como a deputada federal Bia Kicis, uma das parlamentares mais próximas, na política e na ideologia, de Jair Bolsonaro.

    Ambos se conhecem desde a juventude na Universidade de Brasília e em 2019 era ela, e não Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, que o recomendara ao então presidente Jair Bolsonaro.

    O que mostra que nem mesmo a força maior que move a aliança entre Planalto e STF — o bolsonarismo — foi totalmente alijada do grande processo político desta segunda-feira.

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