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    Análise da Anvisa sobre Covaxin confirmou em março denúncias feitas por Miranda

    Documento diz que fatura apresentava quantitativo diferente e que doses estavam para vencer

    Anna Satie, da CNN, em São Paulo

    Um relatório da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), datado de 31 de março deste ano, confirma as denúncias apresentadas pelos irmãos Miranda no processo de aquisição e importação da vacina Covaxin. 

    O documento, assinado pelo diretor Alex Machado Campos, analisa um pedido para importar e distribuir a vacina no país e afirma que a fatura apresentada, relativa a 3 milhões de doses, não corresponde aos 20 milhões de doses requisitados em ofício.

    O texto também revela que o prazo de validade da vacina é de seis meses e que o lote expiraria entre abril e maio deste ano. “Solicita-se esclarecer se é possível a utilização de todo o quantitativo previamente à data de expiração dos lotes”, diz.

    A análise está disponível no site da agência

    As afirmações corroboram os apontamentos feitos pelos irmãos Miranda. Em entrevista à CNN nesta semana, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) disse haver irregularidades na negociação da Covaxin, que incluíam essa mudança no quantitativo, o prazo de validade e a fatura emitida no nome de uma terceira empresa, que não seria nem a Bharat Biotech, laboratório que produz a vacina, nem a Precisa Medicamentos, empresa que representa a farmacêutica indiana no Brasil. 

    Miranda disse ter levado “provas contundentes” das supostas ilicitudes ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ao então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Luis Miranda e o irmão dele, Luis Ricardo, servidor da pasta da Saúde, vão depor hoje (25) à CPI da Pandemia no Senado.

    No documento, o diretor Campos também afirma que foram encontradas “não-conformidades” na fábrica da vacina na Índia e que não foram apresentados documentos suficientes que comprovem a segurança e eficácia do imunizante.

    No início deste mês, no entanto, a Anvisa autorizou a importação temporária e com restrições de uso da Covaxin, com voto favorável de Alex Campos.

    Campos reforçou, em 4 de junho, que “todas as responsabilidades e condicionantes vinculados a esta importação visam garantir, com o mínimo de segurança, o bem maior que aqui tutelamos, a saúde”. Além dele, outros três representantes da Anvisa aprovaram a decisão, que contou com apenas um voto contra.

    Na manhã desta sexta, Bolsonaro negou as supostas irregularidades apontadas por Miranda e o irmão sobre a compra da vacina Covaxin. Afirmou ainda que determinou que a Polícia Federal abra investigação contra o deputado Luis Miranda. “Pelo que me consta, não há nada de errado no contrato. Não foi gasto um centavo com a Covaxin, vocês que querem me julgar por corrupção, vocês vão se dar mal. Eu sou incorruptível”, disse.

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