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    “Amazônia não pode ser tratada como depósito de riqueza”, diz Lula em Cúpula

    Presidente participou de reunião dos países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) em Belém

    Léo Lopesda CNN , em São Paulo

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta terça-feira (8), que a Amazônia não pode ser tratada como um “depósito de riqueza”. 

    Lula foi o primeiro chefe de Estado a discursar na reunião dos países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que compõe a programação da Cúpula da Amazônia, em Belém, no Pará.

    “A declaração presidencial desta Cúpula mostra que o que começamos em Letícia (Colômbia) e agora consolidamos em Belém não é apenas uma mensagem política, é um plano de ação detalhado e abrangente para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”, afirmou o presidente.

    No início de julho, Lula participou de uma reunião técnico-científica sobre a Amazônia, na Universidade Nacional da Colômbia, na cidade de Letícia, com ministros, autoridades locais e lideranças de comunidades indígenas da América do Sul.

    “A Amazônia não é e não pode ser tratada como um grande depósito de riqueza. Ela é uma incubadora de conhecimentos e tecnologias que mal conhecemos e começamos a dimensionar”, declarou Lula nesta terça.

    “Aqui pode estar soluções para inúmeros problemas da humanidade, da cura de doenças ao comércio mais sustentável. A floresta não é um vazio a ser ocupado nem um tesouro a ser saqueado. É um canteiro de possibilidades que precisa ser cultivado”, completou.

    Vídeo: Cúpula da Amazônia começa hoje em Belém

    A Cúpula da Amazônia começou nesta terça com representantes dos oito países da OTCA: Brasil, Bolívia, Colômbia, Guiana, Equador, Peru, Suriname e Venezuela.

    Com uma infecção nos ouvidos, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, cancelou sua participação no encontro. Delcy Rodríguez, vice-presidente da Venezuela, representará o país na cúpula.

    Além de Lula e Rodríguez, foram confirmadas as presenças de Gustavo Petro (Colômbia), Irfaan Ali (Guiana), Dina Boluarte (Peru) e Luis Arce (Bolívia). Suriname e Equador, por sua vez, serão representados por ministros.

    VÍDEO – Cúpula da Amazônia faz grande diferença no combate ao desmatamento, diz especialista

    A Carta da Cúpula

    A reunião deverá gerar a Carta de Belém. Esse será um documento que estabelece uma nova agenda comum para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, conciliando:

    • a proteção do bioma e da bacia hidrográfica;
    • inclusão social;
    • fomento de ciência;
    • tecnologia e inovação;
    • e o estímulo à economia local e valorização dos povos indígenas, comunidades locais e tradicionais e de seus conhecimentos ancestrais.

    VÍDEO – Cúpula da Amazônia: países buscam consenso sobre Carta de Belém

    principal divergência sobre a Carta de Belém é sobre a exploração de combustíveis fósseis na região. Para evitar conflitos, o assunto deverá ser lateral, ou seja, feito individualmente.

    Haverá menção de que será necessário que projetos de infraestrutura tenham “respeito a critérios socioambientais” e “consulta prévia a populações tradicionais”.

    Outra divergência é sobre o cumprimento de metas de desmatamento. O Brasil pretende que os demais países incorporem a meta de desmatamento zero até 2030, mas há rejeição a proposta.

    Outros convidados

    Na quarta-feira (9), representantes de outros países em desenvolvimento com florestas tropicais se juntarão ao encontro.

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convidou a Indonésia, a República Democrática do Congo e a República do Congo.

    Juntos, os países possuem três das maiores florestas tropicais do mundo: Amazônica, do Congo e a Borneo-Mekong, que passa pela Indonésia.

    VÍDEO – Cúpula da Amazônia reúne representantes de 15 países

    Segundo Lula, “além dos oito países amazônicos, a presença da Indonésia e dos dois Congos [República do Congo e República Democrática do Congo], países com florestas tropicais, é fundamental para uma aliança pelo desenvolvimento sustentável”.

    A Alemanha e Noruega, na condição de principais doadoras do Fundo Amazônia, também foram chamadas. Bem, como, o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, que exerce a presidência rotativa da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), e o presidente da COP28, Sultan Ahmed al-Jaber, que será realizada em dezembro nos Emirados Árabes.

    EUA fora da cúpula

    Os Estados Unidos não foram convidados pelo Brasil para a Cúpula da Amazônia. Em abril, o presidente Joe Biden anunciou uma doação de R$ 2,5 bilhões para o Fundo Amazônia.

    A quantia ainda não foi oficialmente enviada pelos EUA, mas colocaria o país entre os maiores doares do fundo.

    Em fevereiro, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o enviado especial para o Clima dos Estados Unidos, John Kerry, se encontraram em Brasília e sinalizaram um interesse mútuo na participação dos Estados Unidos em políticas de proteção do meio ambiente na Amazônia.

    Integrantes da diplomacia brasileira disseram à CNN, em caráter reservado, que representantes americanos chegaram a se preparar para participar do encontro em Belém, mas que, com a falta de convite do Brasil, o planejamento foi descartado.

    FOTOS: Veja imagens da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo

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