Alinhados ao Planalto, só Lira e Aras teriam poder para ‘virar a chave’
De acordo com o analista político Caio Junqueira, apenas Lira e Aras podem convencer Bolsonaro de uma reversão ou de um recuo
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, afirmou na quinta-feira (5) que o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) ataca integrantes da Corte e, por conta disso, cancelou o encontro que reuniria os chefes dos Três Poderes. Segundo o ministro, o chefe do Executivo mantém a divulgação de interpretações equivocadas de decisões do Judiciário e insiste em colocar sob suspeição o processo eleitoral brasileiro.
As investidas de Bolsonaro contra os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso se tornaram mais intensas após a inclusão do nome dele no Inquérito das Fake News, que deve investigar as afirmações do presidente sobre supostas fraudes no processo eleitoral. Em sua live semanal, Bolsonaro refutou a declaração do chefe da Corte e disse que, nas suas palavras, “não tem nenhum ataque ao STF”.
Apenas dois personagens neste momento podem “virar a chave no Palácio do Planalto” e fazer com que a crise, causada pelo embate entre os poderes, mude de compasso: o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o procurador-geral da República, Augusto Aras, que deve se encontrar com Luiz Fux nesta sexta-feira (6). A avaliação é do analista de política da CNN Caio Junqueira.
De acordo com o analista, apenas Lira e Aras podem convencer Bolsonaro de uma reversão ou de um recuo. Junqueira, porém, pontua que isso não ocorre porque há um encontro de interesses do centrão com o presidente no confronto com o Judiciário.
O analista também destaca que, diante do momento sensível que o país atravessa — descrito como a maior crise institucional da nova República — as instituições devem se mostrar mais incisivas. “Eles vão operar, porque é um jogo de perde-perde. É um jogo que ninguém ganha, especialmente a população”, conclui.
Mobilização do mercado
Diante dos embates que envolvem o processo eleitoral — e até mesmo afirmações sobre a não realização das eleições em 2022 –, grandes empresários e lideranças da sociedade civil publicaram um manifesto, assinado por “pesos-pesados” do PIB, que exige a manutenção das eleições e o respeito aos resultados.
Para a analista de economia da CNN Raquel Landim, a movimentação surgiu de um grupo relativamente pequeno de pesos-pesados do mercado financeiro, mas se alastrou feito “rastilho de pólvora”. Ela destaca que a sociedade civil sempre desempenha um papel importante em momentos decisivos como este.
A analista avalia que o movimento deixa claro que, caso o presidente deseje manter o apoio de alguns empresários relevantes para o cenário, ele deve agir em consonância com as quatro linhas da Constituição.