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    Além de Dominghetti, outros supostos vendedores ofertaram vacinas à Saúde

    Segundo levantamento em posse da CPI, pelo menos duas empresas se apresentaram como representantes da AstraZeneca

    Luiz Paulo Dominguetti Pereira durante depoimento na CPI da Pandemia
    Luiz Paulo Dominguetti Pereira durante depoimento na CPI da Pandemia Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

    Rachel Vargas e Larissa Rodrigues, da CNN em Brasília

    Documentos em posse da CPI da Pandemia mostram que não foi só a Davati Medical Supply que tentou vender vacinas que supostamente não existiam ao Ministério da Saúde. Segundo levantamento da pasta enviado à comissão, pelo menos outras duas empresas se apresentaram como representantes da AstraZeneca.

    Em e-mails enviados à pasta, a empresa identificada como Biomedic Distribuidora oferece doses da Astrazeneca por 9 dólares a unidade. A proposta comercial era de, no mínimo, 110 milhões de doses e, no máximo, 300 milhões. As ofertas tiveram início em janeiro deste ano.

     

    Numa correspondência eletrônica do dia 26 de janeiro, uma pessoa identificada como Christian pressiona o ministério por resposta e diz que “se este documento e outras coisas não fossem reais eu não sairia de casa com a coluna fraturada, gastaria dinheiro e enfrentaria um avião até Brasília se não estivesse todo documentado.” Em outra correspondência ele afirma que sabe “que o processo está em clima acelerado, mas infelizmente certas coisas só aparecem uma vez na vida.”

    O mesmo documento informa que se a proposta fosse fechada, a entrega dos primeiros 10 milhões de doses seria feita em 5 dias. Mas, para isso, metade do pagamento deveria ser feito no ato do contrato e o restante na entrega. Em outro e-mail, Christian informa que a empresa Thameen Healthcare é quem detém a reserva das doses junto à farmacêutica e informa que como há o envolvimento de uma terceira empresa no negócio, o valor pago “está muito alto” e o lucro da Biomedic é de “centavos de dólar por dose”.

    A prática, segundo relatos, era comum no ministério. Um desses casos está sob investigação da CPI da Pandemia. A oferta de 400 milhões de doses da Astrazeneca ao Ministério encabeçada pelo cabo da PM Luiz Domingheti virou alvo da comissão. Isso porque ele relatou um suposto pedido de propina para fechar negócio.

    De acordo com fontes do Ministério da Saúde que acompanharam as ofertas, os vendedores, na maioria, se apresentavam alegando fazer parte de um grupo de investidores da Astrazeneca com cota de vacinas para revender. A promessa, inclusive, era de que as doses estavam prontas para serem entregues. Entre os personagens que visitaram o Ministério neste intuito, segundo relatos feitos à CNN, aparecem de sócio de jogador de futebol a Desembargador federal.

    No dia 29 de janeiro, em e-mail enviado à Anvisa, uma diretora da AstraZeneca demonstra preocupação sobre a atuação de duas empresas, entre elas a Biomedic, que atuavam em nome da farmacêutica. A diretora esclarece que toda produção da vacina mencionada é destinada exclusivamente a governos e organizações internacionais e que não há possibilidade de comercialização da vacina produzida pela Astrazeneca no mercado privado.

    A farmacêutica sugere ainda uma ação fiscalizatória focada nas empresas para se confirmar os ilícitos e impedir que mantenham a atuação no mercado paralelo.

    Também neste documento, o Ministério informou que no dia 29 de janeiro o Ministério da Saúde realizou uma reunião interna para tratar sobre a procura constante de supostos vendedores de vacina. Uma notícia de fato foi encaminhado à Polícia Federal para apurar o caso.

    A CNN procurou a Biomedic, o Ministério da Saúde e a AstraZeneca e aguarda retorno.