AGU pede que Celso de Mello reconsidere e não peça vídeo de reunião com Moro
Governo alega que reunião ministerial tratou de 'assuntos potencialmente sensíveis do estado'
A Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou, nesta quarta-feira (6), um pedido de reconsideração ao ministro Celso de Mello, para que abra mão da ordem de entrega da gravação da reunião ministerial do presidente Jair Bolsonaro com o ex-ministro Sergio Moro. A defesa do governo alega que o encontro tratou de ‘assuntos potencialmente sensíveis do Estado’.
Na terça-feira (5), o ministro deu 72 horas para o governo entregar gravações de uma reunião entre o presidente e seus ministros, que ocorreu no dia 22 de abril, antevéspera da saída de Moro do Ministério da Justiça.
A reunião foi citada no último sábado (2), quando Moro depôs no inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar se o presidente Jair Bolsonaro interferiu, ou tentou interferir, politicamente na Polícia Federal.
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No depoimento, o ex-juiz afirmou que o presidente disse abertamente nesta reunião, na frente dos demais ministros, que desejava ter acesso à relatórios de inteligência da PF. Inclusive, Moro afirmou que o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Augusto Heleno, “afirmou que o tipo de relatório de inteligência que o Presidente queria não tinha como ser fornecido”.
O ministro Celso de Mello determinou em sua decisão que fossem informados sobre o prazo o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Francisco, ao secretário especial de Comunicação Social, Fábio Wajngarten, e a Célio Faria Júnior, assessor-chefe do presidente da República.
Apesar do Palácio do Planalto agora se colocar contra a divulgação do vídeo, o próprio presidente Jair Bolsonaro havia dito no último dia 28 que iria divulgar o vídeo da reunião entre seus ministros, mas com outro motivo: queria mostrar que tinha cobrado Moro a agir contra prisões que chamou de “ilegais” de pessoas que descumpriram medidas de distanciamento social. “Mandei legendar e vou divulgar. Tirem as conclusões de como eu converso com os ministros”, disse, à altura.