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    Agenda do Brasil no G20 não será comprometida por tensão com Israel, diz embaixador

    Lyrio defendeu ainda a agenda brasileira, afirmando que é preciso adaptar o sistema internacional para evitar a eclosão de novos conflitos

    Luciana Taddeoda CNN , Rio de Janeiro

    O embaixador Maurício Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty e representante do G20 do Brasil, negou, nesta terça (20), que o protagonismo adquirido pelo Brasil no conflito entre Israel e o Hamas, devido a declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, comprometa a agenda do Brasil para o bloco que reúne as 20 principais economias do mundo.

    Às vésperas da primeira reunião de ministros das Relações Exteriores desde o início da presidência brasileira no G20, assumida em dezembro, Lyrio foi questionado, em coletiva de imprensa, sobre a possibilidade de que as declarações de Lula ofusquem a propostas brasileiras de instalar na agenda do bloco o combate à fome e o desenvolvimento sustentável.

    “Não, na verdade esse chamado a paz que o presidente tem feito desde o início é absolutamente crucial”, disse ele, manifestando desejo de que o Conselho de Segurança da ONU aprovasse a resolução de cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, rejeitada novamente nesta terça.

    Nesta quarta (21), os ministros das Relações Exteriores irão avaliar a conjuntura internacional e na próxima quinta (22) vão abordar a reforma da governança global, uma das prioridades da presidência brasileira no G-20.

    Lyrio ressaltou que o Brasil pediu diversas vezes o cessar-fogo entre Israel e o Hamas e que a reforma de instituições de governança global – como a ONU – é fundamental para evitar guerras.

    “A proliferação de conflitos preocupam de forma muito aguda”, expressou, citando um estudo do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres, que constatou que no ano passado houve 183 conflitos conflitos internacionais.

    “É um número sem precedentes nas últimas três décadas, retornamos praticamente a um nível de conflitos do período da Guerra Fria. Isso mostra que há um déficit de governança para enfrentar os desafios atuais, não somente globais, como a questão da mudança do clima, como o básico de preservação da paz no sistema internacional”, disse.

    Brasil como presidente do G20

    Uma das novidades da presidência brasileira do G20 será realizar uma reunião de ministros das Relações Exteriores em Nova Iorque, em setembro, em paralelo à Assembleia Geral da ONU, convidando todos os países membros da organização.

    “Como uma das prioridades brasileiras é a reforma da governança e no centro da governança, como organização que deve manter a paz e prevenir os conflitos, está a ONU, nada mais simbólico e forte em termos de mensagem do G20 do que fazer uma reunião dentro da ONU”, disse.

    Lyrio defendeu ainda a agenda brasileira, afirmando que é preciso adaptar o sistema internacional para evitar a eclosão de novos conflitos.

    “Uma coisa é pregar a paz em cada um dos conflitos, o que o Brasil faz de forma reiterada e regular, outro é ter uma governança global que evite a ocorrência dos conflitos. Então estamos apagando incêndios, com 183 conflitos no mundo é uma situação tão catastrófica do ponto de vista de efeitos humanitários. A ação tem que ser estrutural”, pontuou.

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