Advogado de Carlos Bolsonaro afirma que ainda não teve acesso aos autos
Vereador disse em rede social que decisão do TJ 'requenta' assunto antigo por falta de fatos novos
Depois de o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) ter determinado a quebra dos sigilos fiscal e bancário do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), o advogado do parlamentar tentará nesta quarta-feira (1) acesso aos autos do processo, relativo à acusação de prática de “rachadinhas” e de nomeação de funcionários fantasmas no gabinete do cliente na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Antônio Carlos Fonseca afirma que Carlos Bolsonaro sempre se colocou à disposição do Ministério Público do Rio de Janeiro, mas que jamais foi convocado para prestar qualquer esclarecimento. “Vamos entender primeiro isso tudo para depois nos manifestarmos”, disse o advogado.
A condução do caso segue a cargo da Terceira Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio de Janeiro. A quebra dos sigilos foi confirmada pelo TJ-RJ, que não deu mais detalhes sobre o processo porque ele tramita em segredo de justiça. No Twitter, o Carlos Bolsonaro criticou a decisão e disse não haver qualquer novidade no inquérito.
“Na falta de fatos novos, requentam os velhos que obviamente não chegaram a lugar nenhum e trocam a embalagem para empurrar adiante a narrativa. Aos perdedores, frustrados por não ser o que sempre foram, restou apenas manipular e mentir. É o que mais acusam e o que mais fazem!”, afirmou, em uma publicação desta quarta-feira (1).
Carlos Bolsonaro é investigado desde 2019, quando reportagens da revista “Época” denunciaram que ele empregou em seu gabinete parentes de Ana Cristina Valle, a segunda ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, atualmente no terceiro casamento. A matéria mostrou na ocasião que ao menos duas das sete pessoas contratadas admitiram jamais ter trabalhado para o vereador, embora estivessem nomeadas.
Segundo o analista da CNN Leandro Resende, a família de Ana Cristina Valle também é citada na investigação sobre as supostas “rachadinhas” que envolvem o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), irmão de Carlos.
De acordo com o MP-RJ, 14 pessoas ligadas a Ana Cristina Valle teriam envolvimento em um esquema de saque de parte dos salários pagos a funcionários nomeados no gabinete de Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual. Todos os agora ex-assessores, embora morassem em Resende, no Sul Fluminense, sacavam os valores e os repassavam a outros membros da suposta organização criminosa, de acordo com as investigações.
Procurada, a defesa do senador Flávio Bolsonaro disse estar impedida de comentar detalhes porque o caso está sob secreto de justiça, e destacou que todas as informações necessárias foram e serão prestadas nos autos. Os advogados destacaram ainda que o cliente não tem conhecimento sobre as supostas irregularidades que possam ter sido praticadas por ex-servidores da assembleia. Procurada, Ana Cristina Valle ainda não se manifestou.