Advogado da União visitou Fachin após críticas de Bolsonaro às urnas

O ministro Bruno Bianco, advogado-geral da União, se reuniu na quarta-feira (20) com Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dois dias depois de Jair Bolsonaro (PL) voltar a atacar o sistema eleitoral em apresentação a embaixadores no Palácio da Alvorada.

Bianco é o segundo ministro do governo a entrar em campo em uma última semana para restabelecer uma ponte entre o Palácio do Planalto e o TSE em meio ao acirramento da crise institucional. Na semana passada, Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil, se reuniu com Alexandre de Moraes, alvo constante de ataques de Bolsonaro, relator de inquéritos que miram o presidente e próximo a comandar o TSE.

O advogado-geral da União não costumava participar de audiências com Fachin como faz com os demais ministros, principalmente pelo fato de o presidente do TSE estar no centro da tensão entre o Planalto e o tribunal, segundo uma fonte do governo. Nas últimas semanas, no entanto, Bianco buscou convencer Bolsonaro de que seria importante haver este contato. Há duas semanas, o presidente deu o sinal verde para o encontro.

O encontro, que inicialmente aconteceria nesta quinta-feira (21), foi antecipado para quarta-feira (20) no gabinete da presidência do TSE. De acordo com fontes do tribunal, Bianco explicou a Fachin o motivo de sua presença no Palácio da Alvorada na segunda-feira (18) durante a apresentação de Bolsonaro à comunidade internacional.

O presidente do TSE aproveitou a fala de Bianco para reforçar que as três propostas que os militares defendem que sejam acolhidas pelo tribunal e que contam com o apoio de Bolsonaro já foram analisadas pela corte. Uma delas será analisada no próximo ciclo eleitoral. As outras duas foram aceitas pelo TSE parcial ou integralmente e estão entre as melhorias que as eleições deste ano terão.

O governo ainda nutre esperanças e insiste, por meio do Ministério da Defesa, que as propostas, que já foram analisadas e deliberadas pelo TSE, sejam acolhidas. O próprio ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Oliveira, afirmou recentemente a senadores que se as propostas forem aceitas a relação entre os Poderes poderia melhorar. A avaliação dentro do TSE é a de que o que tinha de ser feito já foi feito e que o assunto está encerrado.

Um dia após o encontro, na quinta-feira (21), Bianco conversou duas vezes com Bolsonaro para passar ao presidente um relato da conversa. A expectativa é a de que o ministro siga conversando com o presidente sobre o assunto nos próximos dias. A avaliação do entorno de Bianco é a de que é necessário que ele mantenha conversas constantes com o presidente para evitar que pessoas próximas a Bolsonaro o demovam da ideia de reduzir os ataques contra a Justiça Eleitoral e o sistema de votação enquanto ministros como Bianco trabalham para acalmar os ânimos.

Há inclusive um esforço de parte do núcleo duro da campanha de reeleição para que o presidente suavize o discurso sobre as urnas. A avaliação desta ala é pragmática, de acordo com uma fonte a par das discussões, e o entendimento é o de que é preciso converter voto de eleitores indecisos.

Este grupo avalia, com base em números de pesquisas internas, que o presidente afasta parte do eleitorado ao atacar as urnas e a Justiça Eleitoral. E que um discurso considerado mais leve e em tom menos belicoso parece atrair o eleitor que ainda está em dúvida sobre em quem votar em outubro.

O senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente e um dos que comandam a campanha de reeleição, faz parte desta ala que entende ser necessário frear os ataques. Flávio, no entanto, apesar de integrar este grupo, segue alinhado com o pai, não se opondo a ele em relação às decisões que o presidente entende serem corretas.

Debate

A CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.